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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐄𝐍𝐓𝐑𝐔𝐃𝐎

 𝑷𝒂𝒍𝒉𝒂𝒔 𝒂𝒍𝒉𝒂𝒔 𝒍𝒆𝒗𝒂 𝒐 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒐. 𝑽𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐...

“𝑂𝑠 𝑟𝑎𝑝𝑎𝑧𝑒𝑠 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎𝑣𝑎𝑚-𝑠𝑒 𝑒 𝑓𝑎𝑧𝑖𝑎𝑚 𝑟𝑖𝑓𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑟 𝑞𝑢𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑙ℎ𝑎𝑣𝑎 𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑟𝑡𝑒. 𝐼𝑎𝑚 𝑜𝑠 𝑟𝑎𝑝𝑎𝑧𝑒𝑠 𝑠𝑜𝑙𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠, 𝑒 𝑡𝑎𝑚𝑏𝑒́𝑚 𝑖𝑎𝑚 𝑎𝑙𝑔𝑢𝑛𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜𝑠. 𝑀𝑎𝑠, 𝑠𝑜́ 𝑐𝑎𝑠𝑎𝑣𝑎𝑚 𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑙𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠. 𝐿𝑒𝑣𝑎𝑣𝑎𝑚 𝑢𝑚 𝑓𝑢𝑛𝑖𝑙 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒, 𝑞𝑢𝑒 𝑐ℎ𝑎𝑚𝑎́𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑚𝑏𝑢𝑑𝑒. 𝐴̀𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑏𝑒𝑏𝑖𝑎𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑝𝑖𝑛𝑔𝑢𝑖𝑡𝑎 𝑒 𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑗𝑎́ 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎𝑚 𝑎𝑛𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜𝑠. 𝑁𝑖𝑛𝑔𝑢𝑒́𝑚 𝑙𝑒𝑣𝑎𝑣𝑎 𝑎 𝑚𝑎𝑙, 𝑎𝑡𝑒́ 𝑑𝑖𝑧𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 “𝐸́ 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑢𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑢𝑑𝑜””. Mestre Maria da Assunção

“𝑁𝑜́𝑠 𝑓𝑖𝑐𝑎́𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑎̀ 𝑒𝑠𝑐𝑢𝑡𝑎. 𝐴̀𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎𝑡𝑒́ 𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑟.” Mestre Infância

No Carnaval mandava a tradição que os rapazes se juntassem à volta de uma grande fogueira. Na aldeia de Portela os rapazes juntavam-se na Lameirinha. As raparigas ficavam à espreita e/ou nas varandas à espera para saber quem lhes havia tocado em sorte.

Faziam uns papelinhos com o nome dos solteiros da terra. Em cada papelinho colocavam o nome de um solteiro. De um lado ficavam os nomes dos rapazes solteiros e do outro os nomes das raparigas solteiras. Tiravam à sorte o nome de um rapaz e depois o nome de uma rapariga e os pares que calhasse formavam os casais dos casamentos do Entrudo. Não foram poucas as vezes em que no final sobrava um rapaz ou uma rapariga sem par. Quando isso acontecia esse solteiro era apelidado de berrão.

Os casais estavam formados. Chegava o momento de os anunciar à população e aos solteiros. Rapazes e raparigas esperavam atentos e curiosos. O som era aumentado com o auxílio de um embude (funil grande) e atravessava a aldeia de uma ponta à outra.

Havia sempre um verso, rima ou graçola em jeito de brincadeira a acompanhar o anúncio do casamento. A comunicação começava sempre com o verso “Palhas alhas leva o vento/ vamos fazer um casamento…” e depois aumentavam o verso.

Aqui fica o relato de alguns versos, rimas ou graçolas que animaram os casamentos de Entrudo na aldeia de Portela:

Palhas alhas leva o vento
Vamos fazer um casamento

Entrudo é um dia de brincadeira
Tio Chico Caseiro
Vai ser casado com a tia Caldeira

E a Maria que é um bilrino
Vai ser casada com o Manuel do tio Avelino

E a Infância que é um rebolo
Vai ser casada com o Eduardo
Que é um rapaz que não é nada tolo

A Maria José vai ser casada
Com o Porfírio sapateiro
Mas ela que não se confunda
Com o João Troliteiro

E a Idalina, com quem devemos casar?
Casamo-la com o Sebastião
Mas ela que não o confunda com o Malhão

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