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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

A casa da Mãe

  “Quando se perde a mãe é a última porta que se fecha…
A família se espalha, ela era o último elo que unia nos aniversários, 
Natais e outras festas familiares. 
Uma vez que a matriarca fecha os olhos. Tudo muda. Tudo se perde …
A casa da mãe é o único lugar onde se entra sem pedir licença, 
come-se sem ser convidado e ela tem um amor que nenhum outro 
ser tem…”

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Li recentemente este pensamento, na página de uma amiga e mesmo não sabendo a sua origem tocou-me de uma forma muito particular. E hoje, ao escrever nesta quinta-feira de Páscoa, os rituais da época, na família alargada, inundaram a minha memória. 
A comemoração da Páscoa ia muito para além da produção dos folares num ritual que era pensado atempadamente. Desde pequena que a minha mãe me chamava a colaborar nestas tarefas. A começar pela elaboração da lista dos “ felizes contemplados” com o produto final, à organização das diferentes etapas que se concluíam com a marcação do dia e hora da cozedura dos mesmos, no forno da Srª Antónia na Estacada.
 A escolha primorosa de todos os produtos era exclusiva da minha mãe. Já no dia da confeção era eu que partia os ovos um a um, primeiro para uma tigela… não fosse aparecer um ou outro menos fresco a estragar a quantidade já selecionada. As misturas da farinha do fermento, dos ovos, da manteiga e do azeite, assim como o amassar, era atividade exclusiva da minha mãe. A benzedura também. Depois havia que untar as latas e distribuir os produtos. Etiquetar as formas e ajudar no transporte para o forno no que eu também colaborava.
Todo este ritual está “fotografado” na minha memória e invade-me uma saudade enorme deste tempo, dos cheiros e das pessoas com quem se tagarelava enquanto a cozedura acontecia.
No domingo de Páscoa era “a festa” que incluía o estrear de roupa nova, a missa, os sinos que ecoavam a aleluia, a espera da Cruz, o passeio familiar e a merenda que incluía o “manjar“ preparado e finalmente o “jogo do cântaro”!. 
 Os anos passaram e os tempos mudaram. O conceito de família e o equilíbrio da mesma prende-se mais com razões de trabalho/carreira, oportunidades de vivência num espaço global e/ou opções individuais. 
Por inércia ou incapacidade de conjugar vontades é agora mais difícil fazer acontecer as celebrações que nos faziam tão felizes.
Volto assim à “casa da mãe…” onde se entrava sem pedir licença, onde se comia sem ser convidado, onde se juntava a família alargada e jubilávamos com as crianças que iam aumentando a prole …. 
Um profundo bem haja à minha Mãe e ao meu Pai.

Maria dos Reis Gomes – 14 de Abril de 2022

Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) leccionou no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti no Porto.
A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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