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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

… quase poema… ou da guerra

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Iluminou-se a noite como se a noite fosse dia… acordou o silêncio… e uma estrada abriu-se para o horizonte difuso da morte…
Ouviram-se vozes... gritos… adeus… lágrimas de terror e saudade… monstruosa perpassou a morte no delírio insano do horror.
…as lágrimas secaram… os gritos calaram-se… crepitam as chamas na quadratura do infinito… Guernica… tão perto… disforme no limite do desespero humano!
… para trás ficaram sonhos não sonhados!
… beijos que se perderam no limite do desejo
… amo-te tanto!... que não se disse!... e a casa tão perto…
… meu filho!
… gritos… chamas… cinza… a hora imprevista… duma chegada adiada…
… choramos todos os filhos sem pais…. todas os pais sem filhos, todas as casas sem dono… todas as aldeias e cidades sem vozes… todos os que não chegaram… choramos o espanto… o medo… a dor… e fico-me enfurecido com o Deus da guerra, dos dilúvios… de Sodoma e Gomorra… da matança dos primogénitos dos egípcios… “Todos os primogênitos do Egito morrerão, desde o filho mais velho do faraó, herdeiro do trono, até o filho mais velho da escrava que trabalha no moinho, e também todas as primeiras crias do gado.” (Êxodo 11)
… este não é o meu Deus… talvez reencontre outro Deus… o Deus da misericórdia e da compaixão… talvez reencontre o Deus da vida no pinheiro ardido que reverdece… na primeira rosa da primavera… na esperança para além da partida…. esse será o meu Deus… tudo o mais é dor… sofrimentos… morte e destruição… alienação…
… e isso não Te admito!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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