Luís Almeida, presidente da Associação Vale D’Ouro, entidade responsável pela realização do estudo da linha, admite que o regresso do comboio a Trás-os-Montes está comprometido. “Uma vez que Portugal tem uma capacidade muito limitada de fazer investimentos, precisando de financiamento europeu, o facto de não estar incluída na rede transeuropeia de transportes poderá limitar o acesso a fundos europeus que permitam a construção da linha. É óbvio que podemos sempre tentar que ela avance com os nossos meios mas Portugal, infelizmente, nos últimos anos, tem-se verificado que depende crucialmente de fundos europeus”.
A ligação prevê tempos de viagem de 43 minutos entre o Porto e Vila Real e 1h14m até Bragança. Mas excluída da rede transeuropeia, Luís Almeida diz que é mais uma condenação do Governo para com a região. “É uma região que com este tipo de decisões fica condenada a um futuro de dependência praticamente exclusiva, se não mesmo exclusiva de combustíveis fósseis, o que desde logo é um contrassenso com as metas que estão em cima da mesa para a neutralidade carbónica e que o Governo tem assumido. É também um retrocesso face à coesão territorial, que motivou a criação de um ministério mas que nos últimos anos não lhe temos visto grandes acções”.
O presidente da Câmara Municipal de Bragança afirma não entender esta exclusão. Hernâni Dias critica o Governo, dizendo que não põe em prática a coesão territorial que tanto defende. “Há aqui uma perda logo à partida e nós sinceramente não compreendemos como é que um Governo que cria um ministério para a coesão territorial, uma secretária de Estado para o desenvolvimento regional e um conjunto de mecanismos para evitar as assimetrias regionais e de cada vez que tem que tomar uma decisão que seja consentânea com os vários ministérios ou secretárias regionais faça o contrário daquilo que apregoa. É uma questão que não conseguimos compreender”.
O estudo da Associação Vale D’Ouro prevê ligar o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, à linha de Alta Velocidade Madrid/Galiza, passando por Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó, Mirandela, Podence e Bragança.
A Associação Vale D’Ouro vai questionar a Comissão Europeia sobre os fundamentos e bases do documento ferroviário, onde a linha não está contemplada. Vai ainda fazer chegar o estudo da ligação de alta velocidade Porto-Bragança-Madrid ao Parlamento e Conselho Europeus.
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