Recebeu 18 grupos de caretos e mascarados, do norte de Portugal e da Galiza, que se juntaram aos anfitriões, os Caretos das Arcas, para celebrar o solstício de inverno.
Por lá encontrámos o druida celta, que deu a bênção ao povo e louvou a iniciativa:
“Fico sempre sensibilizado cada vez que um grupo de pessoas de uma determinada terra se bate pelas tradições.
Aqui em Arcas foi recuperada uma tradição que tinha terminado, o que foi feito muito rapidamente e recebe todo o carinho de outras associações.”
Os Caretos de Lazarim foram uns dos foliões a marcar presença e a contribuir para a folia que se fez sentir pelas ruas da aldeia. Manuel Pereira, porta-voz do grupo, comparou o evento a um “Carnaval”, que embora fora de época, faz sentido em qualquer altura:
“É fora de época mas não o é porque o Carnaval, tal como o Natal, são quando o Homem quiser.
Acho que este festival é uma boa aposta e acredito que seja o primeiro de muitos.
Embora não seja de cá, estarei cá sempre presente para ajudar no que puder.”
Entre as várias participações galegas, encontrámos um grupo de cerca de 20 “dançantes e mascarados” da Corunha. Emília Sánchez disse-se agradada com o convite:
“É sempre um prazer participar e sobretudo sabendo que é o primeiro ano que é feito.
Estamos encantados por colaborar e participar com eles.
É bom conhecer outros entrudos.”
Foram várias as atividades que compuseram o cartaz deste primeiro festival, que contou com música, rituais, desfiles, mercadinho de Natal e as típicas galhofas dos Caretos de Arcas. Um evento que agradou aos locais:
“Tenho que dar os parabéns por esta iniciativa e pelo projeto de irem buscar as tradições antes que a geração, que ainda tem essas memórias, não esteja entre nós.
Infelizmente cada vez as aldeias estão mais desertificadas e isto é uma mais-valia para mostrar a nossa terra.”
“Acho bem porque para tristezas chega ver televisão e a aldeia, que antes tinha muita gente. Apesar das casas agora serem maiores, não têm ninguém.
É um evento bonito. Eles também já foram a outras aldeias.
É um convívio diferente pois não pode ser só solidão.”
“Muito bonito e engraçado. É uma tradição muito bonita.
Espero que continuem e não deixem morrer.”
A iniciativa foi promovida pela Associação Núcleo de Costumes e Tradições de Arcas e pela Junta de Freguesia, com o apoio do Município de Macedo de Cavaleiros e da Academia da Máscara Ibérica. O objetivo foi celebrar o solstício de inverno, juntando, num só espaço, várias culturas e tradições, refere o presidente da Junta de Freguesia, José Jecas:
“Correu muito bem.
O nosso festival não tem nada a ver com as tradições dos caretos que se realizam no Santo Estêvão. É um festival para marcar o solstício de inverno e juntámos aqui também os caretos.
Há pessoas que vão a determinados locais para ver determinada cultura. Aqui é diferente pois vêm outras tradições ao nosso encontro e há uma mistura de culturas que é muito boa, mesmo para os visitantes, que assim conseguem, de uma só vez, ter a oportunidade de ver outro tipo de tradições.
É para continuar. Obviamente que este foi o primeiro ano e há muitas arestas que têm de ser afinadas, mas temos a certeza que estamos no bom caminho e vamos continuar.”
O festival deu depois lugar às festas de Santo Estêvão, que começaram no dia de Natal e terminaram ontem, com as tradições dos Caretos das Arcas, o cantar dos homens na missa, seguida de procissão, o ritual de transporte e arremate do charolo pelos caretos.
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