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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

👉Miranda do Douro viveu intensamente os rituais do solstício de Inverno São Pedro da Silva, Constantim e Vila Chã mantém tradições ancestrais

 O Solístico de Inverno começou em Miranda do Douro,  no dia 13 de dezembro com a saída do “Velho e a Galdrapa” em São Pedro da Silva, uma tradição que foi retomada recentemente e a cada ano que passa ganha mais força. Tudo começa com os  gaiteiros que anunciam  esta celebração pagã que tem como um dos dois atores principais o Velho, que é encarno por rapaz, com barba negra feita de lã de ovelha e uma máscara de cortiça. Na cabeça leva um chapéu preto e ao pescoço um boneco de cortiça preta, que o dá a beijar às pessoas, com o intuito de as “tisnar”.


A outra figura é a Galdrapa, que é outro rapaz disfarçado de mulher que é a esposa do velho. Veste uma blusa, uma saia mirandesa enfeitada com muitos lenços coloridos e na cinta prende uma bolsa para recolher “as esmolas”. Já na mão leva uma estaca para recolher peças de fumeiro.
Os rituais do solstício de inverno, também conhecidos por Festa dos Rapazes, são manifestações pagãs que se vivem um pouco por todo o Nordeste Transmontano e que simbolizam a emancipação dos jovens que neles participam.
Depois de São Pedro da Silva, passamos para Constantim para a Festa dos Moços e das Morcelas mais uma tradição pagã dedicada aos rapazes que procuram a sua emancipação, num ritual com muita originalidade. As celebrações festivas, começam com os rapazes solteiros a  acenderem uma fogueira com cepos acarretados três dias antes pelos mordomos. Durante o serão há baile para todas as pessoas da aldeia e redondezas, e atuação do grupo de pauliteiros da terra, sendo distribuídos, vinho e tremoços pelos mordomos.
No dia seguinte, tudo começa bem cedo com a alvorada dos gaiteiros, que acordam a população para iniciar o peditório na localidade. Os pauliteiros dançaram o “lhaço” em cada casa, a pedido do proprietário.
À porta da casa de quem perdeu algum familiar, a dança é substituída por uma oração. Em troca cada proprietário retribuiu com a esmola (salpicões, chouriças, pés e orelhas de porco, dinheiro e cereal). Enquanto os mantimentos são recolhidos, o povo bebe vinho e come tremoços curados no chamado “convite”. 
O Carocho e a “Biêlha” fazem travessuras, mostrando o mascarado a sua virilidade, através de atos e atitudes grotescas. A “velha” demonstra feminilidade nas suas vestes e maquilhagem.
As “entradas” assinalam a passagem dos rapazes solteiros para a mocidade. O percurso termina por volta das 13 horas, altura em que se prepara a eucaristia na igreja matriz da povoação. Terminada a missa, efetua-se uma procissão em torno do adro da igreja, onde a imagem de S. João Evangelista é transportada por quatro elementos dos pauliteiros, com outros tantos elementos a tocar castanholas.
Já o dia das entradas, é restrito aos rapazes solteiros, que entram para a mocidade. Ou seja, todo o rapaz da freguesia que, a partir de certa idade, queira andar na rua de noite, tem de pagar um tributo em dinheiro ou em vinho à mocidade. Trata-se de um ato de extrema importância para todos os que o praticam, uma vez que é a partir desta altura que deixam de ser vistos como crianças para passarem a ser vistos como rapazes, ganhando liberdade para os acompanhar nas festas, dentro e fora da povoação.
Vila Chã  entra no Ano Novo com a Festa do Menino
No primeiro dia do ano celebra-se a Festa do Menino Jesus, em Vila Chã da Braciosa. Esta festa é também designada de festa do Ano Novo e de Festa da Velha.
A ronda do Peditório e de saudações aos moradores decorre durante toda a manhã com música de gaita-de-foles, pauliteiros e danças protagonizadas pela velha, pelo bailador e pela bailadeira.
A Velha transporta nas costas quadras do peditório. A missa solene acontece por volta do meio-dia e conta com a participação dos atores e do gaiteiro. Segue-se o arraial, com o acender da grande fogueira no largo da igreja e o bailarico pela noite dentro, enquanto os figurantes continuam a pedir a «esmola» a quem aparece na Festa do Menino.
Rituais que chegaram aos nossos tempos carregados de simbologia, embora no passado tenham sido perseguidos pela Igreja, chegando mesmo a serem proibidos em algumas localidades. A vontade popular falou mais alto e continuam a com a magia do Planalto Mirandês.

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