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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
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quarta-feira, 19 de março de 2025

Idoso teima em moer cereais no moinho de Cova de Lua impedindo que este pare de vez

 Na freguesia de Espinhosela apenas o moinho de Cova de Lua ainda trabalha para moer cereais


A paixão do senhor Amílcar ainda faz rodar a pedra do moinho da aldeia de Cova de Lua, em Bragança.

Este moinho deve ser dos poucos da região que ainda é usado, graças ao idoso, que continua a moer ali o cereal e teima em não abandonar a tradição.

“Desde os meus 15 anos que moo aqui pão. Aqui ainda é de graça, só se passa o tempo e se moer em casa tenho de pagar a luz, fica cara. Mas passa-se aqui um tempo bem passado”, contou.

Em tempos, a farinha servia de sustento para a família, com a confeção de pão, mas também para os animais. Teve vacas, mas diz que as pernas já “não aguentavam para as aturar”. Agora só mói cereais para alimentar os porcos que ainda tem. Já o faz com a ajuda dos seus “rapazes”, porque admite que a força começa a falhar. Um trabalho que é para poucos.

Enquanto mostrava o moinho de Cova de Lua, viaja no tempo e recordava os tempos em que chegava a ficar ali 15 dias, sem ir a casa. Dormia e comia no moinho. Entre risos lembrou-se de uma história que o marcou. “Uma vez estava deitado aqui, num bocado de palha, porque aqui não havia camas, e sinto levantar a cabeça. Acendo a candeia e era algum rato que passava por baixo da palha e estava-me a mexer no pescoço”, relembrou.

Os olhos do senhor Amílcar brilhavam quando o assunto era o moinho. Esta paixão já o fez querer comprar o espaço, mas sem sucesso, ficando apenas para já num sonho. Se não fosse o idoso, o moinho de Cova de Lua juntava-se a todos os outros que estão inativos na região. “Por acaso gosto, mas isto vai-se perdendo, os anos vão passando, nós vamos acabando. Aqui em Cova de Lua daqui a pouco não há ninguém. Estamos aqui sete ou oito pessoas com 80 e tal anos, se nós acabamos, acabou o moinho. Se não fosse eu, há cinco ou seis anos que este tinha acabado”, lamentou.

António Reis já andou também nestas vidas. O morador de Cova de Lua agora não mói cereais, mas lembra-se bem de quando o fazia. Embora já não possa fazer grande coisa pelo moinho, aos 82 anos, ainda mantém de pé uma das relíquias das aldeias do nordeste transmontano, os pombais. “Antes comia-se muito pombo, agora já não. Já não tiro um pombo para comer, mas tenho gosto das pombas e dou-lhe de comer todos os dias”, disse.

Só em Cova de Lua há mais de 20 pombais, mas estão abandonados. Alguns já estão completamente degradados e outros para lá caminham.

Numa aldeia onde a produção de cereais foi o sustento de muitos, agora restam apenas os vestígios daqueles tempos.

Na freguesia de Espinhosela, que tem como anexas as aldeias Cova de Lua, Vilarinho e Terroso, há seis moinhos, todos requalificados. Apenas o de Cova de Lua ainda é usado para moer cereais.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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