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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de setembro de 2025

Atuar cedo sobre pequenas populações de acácias é essencial para travar o seu avanço

 Uma equipa de investigadores estudou o impacto das acácias na serra da Lousã, em especial na estrutura da vegetação, qualidade do solo e em pequenos invertebrados. Conheça os resultados deste trabalho que foram agora publicados.

O estudo foi realizado na Serra da Lousã. Foto: Universidade de Coimbra

A invasão por acácias tem consequências críticas para a estabilidade das florestas da faixa atlântica da Península Ibérica, escreve a equipa do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e da Universidade de Vigo num artigo publicado na revista científica Neobiota. Mesmo em níveis reduzidos de presença, o seu impacto na vegetação e no solo “é notável”.

O estudo, liderado por Raquel Juan Ovejero, investigadora do CFE, foi feito na Serra da Lousã, uma região com paisagem florestal fragmentada. Ali coexistem plantações de pinheiros e outras coníferas introduzidas, florestas nativas de carvalhos e castanheiros e matos mediterrânicos.

Os investigadores analisaram de que forma a invasão da acácia-mimosa (Acacia dealbata) e da acácia-negra (Acacia melanoxylon) afeta a estrutura da vegetação, a qualidade do solo e da folhagem (em termos de teor de carbono e azoto), e as comunidades de colêmbolos – pequenos invertebrados do solo fundamentais para o ciclo de nutrientes e para a decomposição da matéria orgânica. Foram ainda estudados os efeitos em cascata que estas alterações podem provocar no funcionamento geral do ecossistema.

“À medida que aumenta a sua cobertura, diminui, de forma significativa a abundância de plantas herbáceas e a riqueza de espécies, o que se traduz numa perda clara de biodiversidade”, explicou, em comunicado, Raquel Juan Ovejero.

“Não só se detetou uma redução na relação carbono/azoto da folhagem e um aumento do carbono orgânico com a invasão das acácias –  alterações que modificam a  disponibilidade de nutrientes e os processos de decomposição -, como também se registaram impactos na fauna”, acrescentou a investigadora., destacando que os diferentes grupos funcionais de colêmbolos responderam de forma desigual às modificações no solo e na folhagem, evidenciando “alterações subtis, mas relevantes na dinâmica dos ecossistemas”.

Esta investigação refere que as acácias australianas se tornaram, pouco a pouco, num dos principais problemas ambientais da região mediterrânica. A sua capacidade de fixar azoto, formar massas densas e substituir a vegetação autóctone altera profundamente a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. 

“Em Portugal, a situação é especialmente grave. É o país mediterrânico com maior número de espécies de acácias invasoras, favorecidas pelo abandono rural e pela fragmentação florestal”, sublinhou Raquel Juan. A Galiza acompanha esta tendência, sofrendo também uma expansão acelerada destas espécies. “Estes fatores aumentam a vulnerabilidade das florestas e matos, onde as acácias avançam rapidamente e provocam perdas de biodiversidade, alterações no solo e maiores dificuldades na gestão florestal.”

Quanto mais cedo se agir, melhor

Os investigadores concluíram que “as intervenções precoces são mais eficazes, menos dispendiosas e reduzem o risco de consequências ecológicas graves”.

Mas avisam que esta gestão requer acompanhamento contínuo. Isto porque as duas espécies de acácias têm “bancos de sementes persistentes e podem rebrotar após perturbações”.

Além disso, defendem que o restauro de habitats nativos surge como uma ferramenta fundamental para reforçar a estabilidade dos ecossistemas e prevenir novas invasões.

Na Galiza e em Portugal, as medidas para conter a expansão das acácias baseiam-se, geralmente, na eliminação manual ou mecânica de plântulas e pequenos núcleos, no descasque ou, quando tal não é viável, na injeção de herbicida em exemplares isolados, bem como no corte basal de manchas mais extensas. Neste último caso, é necessário aplicar tratamentos complementares, que podem incluir cortes repetidos antes de os rebentos atingirem cerca de um metro de altura, a aplicação de herbicida nos rebentos quando possível, ou o tratamento químico direto do cepo.

“Em todos os cenários é essencial garantir um acompanhamento contínuo”, salientou a investigadora. Recomenda o restauro dos habitats nativos afetados porque tal favorece a recuperação dos ecossistemas e contribui para reduzir o risco de re-invasão.

Este estudo foi realizado no âmbito do projeto-piloto MyForest, integrado do F4F -Forest For Future, um projeto regional que teve como objetivo a valorização da fileira florestal da região centro, financiado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).

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