quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

José Pedro Croft – Imagens Refletidas (2003)

No Jardim António José de Almeida encontra-se uma das intervenções artísticas mais interessantes existentes em Bragança. Designada por Imagens Refletidas, é da autoria de José Pedro Croft.
Imagens refletidas (2003). Autoria: José Pedro Croft
Em 8 de julho de 2002, foi apresentado em reunião camarária um protocolo pela Fundação Afonso Henriques, que seria aprovado por unanimidade, onde eram apontados três objetivos fundamentais: “assegurar o desenvolvimento de uma rede de Escultura Urbana contemporânea ao ar livre, de grande qualidade, nas principais cidades da Bacia do Douro Hispano-Português; fomentar a pedagogia de contemporaneidade, promovendo a difusão e o debate em torno da Escultura Urbana do nosso tempo, ajudando a descentralização e a criação de polos culturais fora das áreas metropolitanas; fomentar, desenvolver e difundir a ideia da criação artística integrada na cultura local, na paisagem e na ligação aos materiais”.
A Fundação e as Câmaras de Bragança, Chaves, Lamego e Vila Real assinaram o protocolo para implementar o projeto “Criação de um Eixo Cultural em torno da Escultura ao longo da bacia do Douro”, que visava a conceção e execução de uma escultura contemporânea pelos escultores seguintes: Manuel Rosa (para Vila Real); Rui Chafes (para Lamego); Alberto Carneiro (para Chaves); e José Pedro Croft (para Bragança). José Pedro Croft, tendo sido o escultor selecionado para dar corpo ao projeto em Bragança, executa de forma original o conjunto Imagens Refletidas.
Nascido no Porto, Croft faz o curso de Pintura na Escola de Belas Artes de Lisboa em 1981, tendo vindo a conquistar no panorama artístico nacional e internacional uma posição de destaque. Representado em várias coleções, participou em exposições coletivas diversas, tendo igualmente realizado exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, em instituições de grande renome. Fortemente influenciado por João Cutileiro, com quem trabalha no início da sua carreira, abandona lentamente o mármore como material preferencial e, numa fase posterior, o seu interesse como artista volta-se para o fascínio da espacialidade arquitetónica como modelo de organização/desconstrução.
A introdução do espelho na sua obra irá gerar uma novidade na leitura da sua proposta artística, como vemos em Bragança. A colocação dos espelhos no espaço público que é o jardim, é uma intervenção por vezes provocatória, outras inquisidora, outras ainda inquietante. Local de passagem, torna-se impossível ignorar a superfície espelhada que se multiplica e que confronta o espectador com o reflexo da sua própria imagem, devolvendo-lhe um outro eu real/irreal. Por este aspeto inovador, José Pedro Croft trouxe a Bragança uma realidade artística cuja marca permanecerá incontornável.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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