O projeto é de Fernanda, cozinheira dedicada que convenceu o marido Virgílio a entrar com ela nesta aventura. «A minha mulher gosta mais disto do que eu, mas eu já estou a ganhar o gosto. É melhor do que passar a reforma a jogar às cartas», admite com um sorriso. Natural da aldeia, D. Fernanda cresceu entre pratos de comida transmontana servidos em serões de bom convívio. Os pais eram donos de uma famosa tasca no centro de Mirandela – a Taberna do Arco – que deixaram nos anos 80, não antes sem Fernanda ter aprendido as lides da cozinha e do negócio. Na nova taberna há resquícios desse espaço. Os antigos clientes fizeram questão de escrever versos dedicados a ele. A folha está encaixilhada e exposta na parede.
O casal quis transportar para aqui o ambiente da antiga casa. A comida é genuinamente tradicional e «o mais caseira possível», é a verdadeira comida de conforto. As alheiras são feitas pela própria Fernanda, o rancho, servido em dias de feira (quintas) é daqueles que enche a barriga e aquece o corpo. Agora, no pico do frio, há também caldo de inverno – com feijão, hortaliça, nabo abóbora e couve – servido em pote de ferro. E mais, a D. Fernanda está a dar a conhecer o azeite por si produzido, com azeitonas das suas oliveiras. É só pedir umas torradas.
O casal acredita ter posto Bronceda no mapa. «Não havia quem vendesse um frango em Bronceda e a maior parte das pessoas que vivem em Mirandela nunca cá tinham vindo. Nós pusemos a aldeia a mexer. É às pessoas de cá que compramos as galinhas, as batatas, os coentros, os figos…», explica. O primeiro verão com portas abertas, contam, foi um sucesso inesperado. Lá pararam viajantes de todo o mundo. Nas noites quentes houve guitarradas e cantorias na esplanada. O casal só pensava: «Bronceda já parece Benidorm!». Agora, nas noites frias, troca-se a esplanada por uma mesa junto à salamandra. Porque não é só a comida que dá conforto.
Texto de Luísa Marinho - Fotografias de Rui Manuel Ferreira/GI
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