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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O JUÍZO DO ANO

Não esqueço o Seringador no fluir dos dias, menos ainda no final de cada ano. O Seringador cirandava o ano inteiro entre a cozinha e a sala, além das facécias educadas, do quadro com os movimentos da lua, informações úteis num conspecto de sociedade rural, urbana e citadina, o frágil almanaque folheava-se rapidamente, no entanto, era lido vagarosamente e mastigado no gastar petróleo dos longos serões invernais. As candeias alumiavam os soturnos espaços, quando bruxuleavam, os ouvintes pediam explicações ao soletrador, mormente no comentário ao balanço do ano; o artigo de fundo, o dito Juízo do Ano. 
Enquanto li de fio a pavio o homem das seringadelas empenhava-me em na descoberta dos alçapões contendo subtilezas até políticas. Ao fixar-me no Ribatejo tomei contacto com o Borda d`Água similar nos intentos, porém sem o tempero gracioso do irmão nortenho. Pode parecer anacrónico trazer à liça um Almanaque marcado pelo tempo em época de vertiginosa volatilidade, quando se reveste da maior importância robustecer a memória do bom e do péssimo de maior saliência ocorridos nos anos passados dos quais a História regista em primeiro ligar e os feitos dos vencedores, dos vencidos pouco rezam as crónicas e cronicões. 
Por exemplo: o principal feito (na minha opinião) acontecido no Nordeste em matéria cultural foi a atribuição do galardão de Património Imaterial da Humanidade aos Caretos e Chocalheiros de Podence, no entanto, uma badalada e baldada anterior candidatura bem mais ambiciosa territorialmente e de conteúdos borregou (termo ribatejano) estrepitosamente. Os Caretos ganharam e ganharam bem. 
Porque nunca o invejoso medrou nem quem ao pé dele morou, já se anunciam novas candidaturas, a exemplo do crescimento de cogumelos em estação chuvosa, ou então das Confrarias gastronómicas do furgalho e das cascas de amêndoa, sem valimento para lá da festança de encher a pança. A pulsão da inveja ganhou rotundidade e continuará a ganhar trazendo no bornal denúncias, relatos escabrosos e afins. O juízo do ano da minha lavra, rótula de erro profundo a intenção de a delação ser premiada, a Senhora ministra, certamente, nunca leu um processo da Inquisição iniciado através de uma denúncia, se tivesse lido talvez tivesse evitado cair na tentação de premiar os bufos imitando a sinistra PIDE. A nossa prática de denunciantes do torto e do direito iniciou-se há séculos, judeus e cristãos-novos, republicanos e monárquicos opositores a Salazar, são reluzentes exemplos da danação da bufaria, documentos depositados na Torre do Tombo atestam a infâmia da denúncia premiada a todos os níveis, desde os lusitos, a Mocidade Portuguesa a gente de variadas proveniências e funções enodoaram seus semelhantes utilizando nefandas vilezas. 
De modo interesseiro mas justo, desejo a concretização de efectivas medidas de apoio à imprensa em geral e à regional em particular. Os jornais em papel desaparecem a olhos de visão curtíssima, escrevo em dois digitais porque os custos assim exigiram o fenecimento do papel, o panorama é um buraco negro, impera o efémero, o jornal em cima da mesa da casa de cada um praticamente desapareceu, urge consciencializarmos (a sério) do seu papel instrumental na formação cultural nas comunidades, por essa e as outras razões latentes todos quantos persistem na defesa da imprensa palpável merecem hossanas e louvores traduzidos nos anunciados apoios, só palavras não sustentam ninguém. 
O tema da regionalização reapareceu na agenda mercê das aspirações de políticos do Norte e de Trás-os-Montes soprados inviamente, enquanto Marcelo for fonte de poder pouca água tentará a sede de mando dos adeptos do inútil costuramento do território português, de qualquer modo todos quantos a rejeitam têm de continuar atentos e prontos a entrarem no combate esgrimindo argumentos a concederem ânimo e fortalecer a desconfiança dos eleitores acerca dos aspirantes a reis de bazófias num reino pobre, periférico e pequeno. 
O povo é quem mais ordena, ordenará melhor, imitando os homens bons de outrora se estiver correctamente informado relativamente às verdadeiras consequências da regionalização de maneira a conscienciosamente votar no referendo. A golpada concebida por Moreira e Medina abortou. Espero que seja sem efeitos retroactivos. 
Votos de novo Ano repleto de prosperidades.

Armando Fernandes

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