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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de março de 2021

... quase poema... ou carta de férias

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Hoje vou escrever-te uma carta…como antigamente…quando a Camioneta do Correio chegava com os sacos cheios de cartas…repartidas ao entardecer como quem reparte o pão…os beijos…os lutos…as alegrias e as saudades!

E escrevo-te para te dizer que estou bem…mesmo muito bem e que a minha janela continua naquele namoro secreto com a serra de Nogueira…a Serra…a Serra da Senhora da Serra…das Novenas e das neves brancas como o teu sorriso branco.
Escrevo-te para que saibas que as macieiras estão prontas para o banquete da oferta de mil frutos maduros que na paciência do Verão se tornaram vermelhos à mistura com raios de sol.
As cerejas…essas já terminaram…mas ficou para sempre a sua cor cereja estampada no azul mais celeste deste céu único da aldeia…
Ainda não te tinha dito, mas este ano os grilos e as cigarras estão mais afinados do que nunca…numa sinfonia interminável que dura a noite inteira…às vezes o tristonho do sapo que não gosta desta festa e por desfastio…lá vai cantando uma canção que só ele entende…coisas de sapos!
E termino esta carta, mas antes quero que saibas que tenho saudades tuas…sempre tenho saudades tuas, mesmo quando estás a chegar…porque durante muitos anos não foi possível dizer-te que tenho um recanto…com cheiro a feno e a tarde…um quintal…sete roseiras…três vasos de malvas…e esquecia-me do mas importante, também tenho um pé de lima limão…
…por isso quero que venhas tomar um chá de lima limão…ver as minhas roseiras…sentir as malvas sardinheiras antes que o Inverno cale o seu grito vermelho no mais profundo silêncio.
Depois quando fores embora leva salsa, alfazema e erva de São João para que tenhas saudades do cheiro da terra fecunda…
…e voltes sempre!


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

1 comentário:

  1. Poesia cheia de aromas e cor e onde a saudade beneficia de total sabor...
    Gostei e recomendo pois com nem com sal e açúcar ficaria melhor...
    Parabéns ao AUTOR

    M.Joaquina Aguiar

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