O mordomo e a mordoma escolhem os rapazes que actuam na Festa dos Velhos de Bruçó. Os rapazes mascaram-se de Velha e de Velho, de Soldado e de Sécia (esposa do soldado e mulher leviana).
É no dia de Natal que estas figuras saem à rua em peditório para o altar de Nossa Senhora. O fogo, a missa e mais preparativos acontecem no dia 24.
"As máscaras desempenham um papel fundamental nas festas do ciclo dos doze dias (Van Gennep) e do Carnaval, uma vez que dinamizam as diferentes celebrações que ocorrem neste período, nomeadamente no Nordeste Transmontano. Vemos assim que as figuras mascaradas surgem apenas cíclica e ritualmente, com uma função específica. Que função tão importante é esta? Basicamente, e segundo o que muitos consideram, são os mascarados que revitalizam e dinamizam a comunidade e o ano que se aproxima, garantindo a prosperidade de ambos. Benjamin Pereira afirma que a máscara tem três finalidades: “propiciatórias, apotropaicas, profilácticas” (PEREIRA, 1973:11).
O mascarado que surge e actua em público suspende por momentos a realidade conhecida, a realidade quotidiana. Além disso, e talvez tentando encontrar um elemento em comum com esta suspensão da realidade, alguns eruditos referem que durante a Antiguidade a utilização de máscaras não tenha tido uma função meramente profana, sendo antes um “elemento de ligação entre o mundo dos vivos e dos mortos, entre o homem e a divindade” (TIZA, 2004:18).
Provavelmente a partir desta ligação e da actuação dos mascarados estes tenham sido intimamente relacionados com o Diabo, aliás, os mascarados eram vistos como sendo o próprio Diabo. Na base desta associação poderá estar a sua actuação autónoma, que há décadas atrás era muito mais severa."
in:memoriamedia.net
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(Henrique Martins)
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