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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 13 de maio de 2012

Ficha do rato de Cabrera


O rato de Cabrera é o único roedor endémico da Península Ibérica, possuindo uma distribuição muito restrita e fragmentada devido às suas necessidades ecológicas muito particulares, não tolerando amplitudes térmicas acentuadas e humidade reduzida.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O rato de Cabrera (Microtus cabrerae Thomas, 1906) é o único roedor endémico da Península Ibérica, pertencendo à Família dos Murídeos e à Sub-família dos Microtíneos.
Esta espécie caracteriza-se por possuir uma pelagem comprida e áspera, de tonalidade castanho-amarelada no dorso, mais pálida no ventre. A cabeça é larga com focinho arredondado, olhos pequenos, orelhas e cauda curtas. Difere de outros indivíduos pertencentes ao género Microtus no que diz respeito à morfologia dos molares e do crânio.
O comprimento da cabeça e do corpo varia entre 11,6 e 13,0cm e a cauda entre 3,3 e 4,6cm. O peso médio dos indivíduos varia entre 43 e 78g.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA
Apresenta uma área de distribuição fragmentada abrangendo o Sudoeste e Centro da Península Ibérica. Em Portugal, a sua distribuição incide no Sudoeste, Centro e Nordeste do território continental sendo mais frequente nas regiões do Litoral Alentejano, Ribatejo, Beira Interior e Douro Internacional.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO
Em Portugal encontra-se classificado no Livro Vermelho dos Vertebrados Terrestres (actualização de 2005) com o estatuto de Vulnerável, encontrando-se ao nível Europeu incluído na Directiva Habitats, relativa à conservação de habitats naturais e da fauna e flora silvestre, figurando no Anexo II (lista de espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação) e no Anexo IV (lista de espécies animais e vegetais de interesse comunitário que requerem uma protecção rigorosa). A inclusão do rato de Cabrera nestas categorias encontra-se associada ao desaparecimento de várias colónias nos últimos anos em diversas áreas da Península Ibérica.

FACTORES DE AMEAÇA
Os principais factores de ameaça são a alteração e destruição do habitat, consequências directas da intensificação das práticas agrícolas.

HABITAT
As colónias do rato de Cabrera ocorrem em várias áreas das zonas bioclimáticas supra e mesomediterrânea. Esta espécie está frequentemente associada a áreas dominadas por gramíneas (zonas utilizadas como alimento) e silvados localizados perto de pequenos cursos de água (zonas utilizadas como protecção), evitando a margem de rios e lagoas permanentes onde habita a rata-de-água (Arvicola sapidus).

ALIMENTAÇÃO
Este pequeno mamífero alimenta-se sobretudo de Gramíneas, podendo também consumir outras Monocotiledóneas como Ciperáceas, Juncáceas e ainda algumas Dicotiledóneas.

INIMIGOS NATURAIS
Tal como outros roedores é presa habitual das rapinas nocturnas, sobretudo da coruja-das-torres. Também pode ser predado por carnívoros como o saca-rabos, a raposa ou a geneta.

REPRODUÇÃO
Alguns estudos sugerem que se trata de uma espécie monogâmica. A actividade reprodutora parece diminuir no final da Primavera e princípio do Verão, devido à ausência de precipitação que geralmente caracteriza esta estação. Cada fêmea pode parir 2 a 4 vezes por ano. O período de gestação ronda os 23 dias, sendo o número de crias 3 a 8 por parto. Os progenitores constroem um ninho aéreo ou subterrâneo, em função da formação vegetal presente na colónia.

MOVIMENTOS
A actividade deste mamífero, tanto se desenrola sobre o solo, onde elabora uma notável rede de caminhos e latrinas, como por baixo do solo, onde se refugia durante as horas de repouso e nos períodos mais críticos do ano. Encontra-se activo principalmente ao crepúsculo e ao amanhecer.
O fim do Inverno e início da Primavera parecem ser as épocas do ano mais favoráveis, pois é nestas alturas que se observa uma maior abundância de caminhos e depósitos de dejectos recentes e uma maior abundância e actividade dos indivíduos. No Verão, esta actividade pode chegar a cessar por completo, sobretudo à superfície do solo, na maior parte das colónias. Com as chuvas outonais e o rebentar da vegetação herbácea, assiste-se à reactivação nas colónias, mas com menor intensidade que na Primavera.

CURIOSIDADES
Apesar de ainda não se saber ao certo qual a área vital desta espécie, alguns estudos revelaram que o rato de Cabrera consegue percorrer grandes distâncias, tendo em conta o seu pequeno tamanho. Outro aspecto curioso prende-se com o grande comprimento do seu tubo digestivo, principalmente do ceco, que devido ao papel desempenhado na fermentação da celulose, lhes permite o consumo de uma grande quantidade de Monocotiledóneas, essencialmente Gramíneas.

LOCAIS FAVORÁVEIS À OBSERVAÇÃO
Esta espécie é de difícil observação diurna devido ao seu comportamento de actividade essencialmente crepuscular. Para detectá-la recorre-se frequentemente aos indícios de presença, tais como os caminhos marcados na vegetação e aos dejectos encontrados ao longo desses caminhos, geralmente agrupados em latrinas.
Indícios de presença de M. cabrerae: (a) entrada de um túnel; (b) dejectos frescos e secos.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Fernández-Salvador, R. (1998). Topillo de Cabrera, Microtus cabrerae Thomas, 1906. Galemys. 10 (2): 5-16.
Madureira, M. L. e Ramalhinho, M. G. (1981). Notas sobre a Distribuição, Diagnose e Ecologia dos Insectívora e Rodentia Portugueses. Arquivos do Museu Bocage (Série A). 1 (10): 165-263.
Magalhães, C. e Trindade, A. (1987). Iniciação ao Estudo dos Micromamíferos. SNPRCN. Lisboa. 31pp.
Mathias, M. L. e Costa, A. (1998). Distribuição do Rato de Cabrera Microtus cabrerae em Portugal. Relatório final do projecto LIFE/ICN “Conhecimento e Gestão do Património Natural”. Faculdade de Ciências de Lisboa / ICN. Lisboa.
Pita, R. e Mira, A. (2002). Selecção do micro-habitat e cartografia das colónias de Microtus cabrerae Thomas, 1906. Relatório do projecto “Efeitos da Intensificação Agrícola sobre a Biodiversidade de uma área Protegida Costeira: Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina”. Universidade de Évora. Évora. 44pp.
San Miguel, A. (1994). El topillo de Cabrera, una reliquia faunística de la Península Ibérica. Quercus: 14-18.
Ventura, J.; López-Fuster, M. J. e Cabrera-Millet, M. (1998). The Cabrera vole, Microtus cabrerae, in Spain: A Biological and Morphometric Approach. Netherlands Journal of Zoology. 48 (1):83-100.


Mafalda Costa, Maria João Maia, António Mira
in:naturlink.sapo.pt

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