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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Freixo de Espada à Cinta

Perdem-se no tempo as origens de Freixo de Espada à Cinta mas, sabe-se que, quando  os romanos aqui chegaram, já havia populações residentes num primitivo castro existente no local onde é o actual cemitério e que viveriam essencialmente da abundante fauna e da rica flora.
A existência, porém, de diversos vestígios pré-históricos, como é o caso de Mazouco e da Fonte Santa em Lagoaça, permite-nos situar a primeira ocupação deste território alguns milénios antes da era cristã.
O seu topónimo causador de grande interesse e curiosidade, é motivo para várias lendas justificativas. Uma das lendas conta que a povoação terá sido fundada por um nobre de apelido Feijão, primo de S. Rosendo, que morreu no ano de 977 da nossa era e cujo apelido resultaria do facto das armas do seu escudo serem um freixo e uma espada. Outra das lendas conta-nos que a origem do topónimo se deve a um capitão godo de nome Espadacinta, que tendo chegado cansado aquele lugar ali descansou por vários dias à sombra de um freixo, que passou a ser conhecido como o freixo do espadacinta. É contudo a lenda de D. Diniz a mais conhecida e a que liga aquele monarca à história do topónimo. Refere a lenda que aquele monarca ali chegou cansado depois de brava peleja com os seguidores do contestatário Infante D. Afonso, seu filho e que viria a ser o futuro Rei D. Afonso IV de Portugal. Pendurou as armas num frondoso freixo ali existente e adormeceu. Durante o sono sonhou com um velho Rei Visigodo de longas barbas que o aconselhou a ouvir mais vezes sua esposa a Rainha Dona Isabel e a fazer as pazes com o filho. Com a excitação do sono o Rei D. Dinis acordou e reparou então nas semelhanças entre o velho do sono e o freixo, tendo-se espalhado por toda a região a história de “o velho do freixo de espada à cinta” e que viria a perdurar no tempo.
Verídico é o facto das milenares oliveiras existentes, que pela sua idade só podem ter sido plantadas pelos romanos ou pelos gregos.
Das mais antigas referências que se conhecem em relação a Freixo destaque para a histórica menção feita pelo imperador romano Octávio César Augusto ao definir os limites da província Citerior. Refere aquele imperador que “em direitura ao rio Douro, junto ao Freixo”.
A comunidade romana deve ter sido importante e alguns dos topónimos herdados são disso exemplo, como é o caso do termo “Congida”, do latim “congius”, que representava um oitavo de ânfora na distribuição de vinho, azeite e trigo que o Senado fazia aos habitantes de Roma.
D. Afonso Henriques, reconhecendo a importância da localidade atribui-lhe foral, mas foi o Rei D. Dinis que a tornou mais celebre e memorável, ao honrá-la com a sua presença e ao mandar erigir diversas obras, como a reconstrução do castelo, com duas imponentes torres, das quais apenas resta a torre heptagonal, ou Torre do Galo, considerada Monumento Nacional e mandou construir também a igreja de devoção a S. Miguel Arcanjo, toda de cantaria lavrada e abóbada.
Actualmente conservam-se ainda a igreja e algumas ruínas do castelo. De referir que as obras da igreja, começadas por D. Dinis, só foram concluídas no século XVII. A paróquia de S. Miguel de Freixo de Espada à Cinta foi uma vigairaria da apresentação "ad nutum" da Mitra, tendo passado depois a reitoria, situação que ainda hoje se mantém.
Localização
O concelho de Freixo de Espada à Cinta, localiza-se no extremo sudeste do Distrito de Bragança, precisamente na zona de transição do Alto Douro vinhateiro para o Douro Internacional, factor que condiciona significativamente as suas condições geográficas e lhe confere uma idiossincrasia única no panorama paisagístico nacional.
As principais ligações rodoviárias do concelho, são:
EN 221 - Mogadouro - Estação do Freixo de Espada à Cinta - Barca de Alva
EN 220 - Pocinho (IP 2) - Torre de Moncorvo - Estação de Freixo de Espada à Cinta (entroncamento da EN 221).
Aspectos paisagísticos
Muitas e variadas são as razões que realçam a importância turística do concelho de Freixo de Espada à Cinta, do ponto de vista patrimonial, paisagístico, gastronómico ou tão só social. A nível religioso há pequenos tesouros espalhados entre o espólio do seu património religioso, motivo mais que suficiente para um circuito temático para apreciadores da arte sacra.
No património edificado destaque para as ruínas do Castelo, a Torre Heptagonal ou Torre do Galo, as ruínas do Convento de S. Filipe de Nery e o Castelo de Alva na freguesia de Poiares, os muitos solares e casa brasonadas existentes em todo o concelho a demonstrar a importância económica que a região tem assumido em todas as épocas da nossa história.
Passear nas ruas de Freixo ou nas ruas das suas freguesias é encontrar facilmente portais e janelas artisticamente decoradas com os mais variados motivos e de vários estilos e épocas.
Um dos maiores cartazes turísticos locais é sem duvida alguma o espectáculo das amendoeiras em flor, cobrindo o horizonte de tons rosa e branco.
Mas qualquer ponto dos caminhos do concelhos se transforma facilmente para nosso deleite em espectacular miradouro, de paisagens únicas, imponentes, agrestes e contemplativas.
De destacar pela sua singularidade os miradouros da Cruzinha e do Carril, em Lagoaça, nesta freguesia ainda o monte da Atalaia ou do Picotino como também é conhecido e em Fornos o miradouro do Carrascalinho.
O miradouro do Colado em Mazouco.
O Alto do Pirocão com uma panorâmica única da vila de Freixo de Espada à Cinta e finalmente o miradouro dos miradouros, “o Penedo Durão”, na freguesia de Poiares, impressionante sem dúvida.
O Rio Douro rompendo caminho, umas vezes à força, outras calmo nos seus remansos, por entre as agrestes escarpas que o subjugam, num cenário de beleza impar. Passear de barco nas suas águas é descobrir emoções novas e diferentes.
A praia fluvial da Congida, as barragens de Saucelhe em Freixo e a de Aldeiadávila em Lagoaça.
Os vestígios rupestres de Mazouco e da Fonte Santa em Lagoaça.
O Circuito da Ribeira de Santiago.
Igrejas e Monumentos
A Torre Heptagonal, do século XIII, com interessantes cachorros, as antigas armas da vila e vestígios da cerca amuralhada reconstruída por D. Dinis.
A Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta ou Igreja de São Miguel, dos séculos XIII a XVII, uma monumental construção manuelina. Na fachada principal interessante portal decorado, óculos e janela. Portais laterais renascentistas. No seu interior três naves, colunas e abóbada. Dezasseis quadros, do século XVI, atribuídos a Grão Vasco, molduras do século XVIII e Arca Tumular.
A Capela da Misericórdia, do século XVI, com altar-mor, abóbada e talha dourada e a Capela de Santana, da mesma época.
A Casa dos Carrascos.
As ruínas do Convento de S. Filipe Nery.
A Casa Museu de Guerra Junqueiro.
O Pelourinho de Freixo, manuelino, do século XVI e os cruzeiros do Calvário e do Cimo da Costa.
A ponte do Carril, do século XVI e as artísticas fontes de várias épocas.
Janelas e outros elementos artísticos de Freixo de Espada à Cinta.
A Igreja Paroquial de Lagoaça, com o seu interessante painel de azulejos e importante talha dourada. Nesta freguesia ainda a Capela de Santo António e o seu característico relógio solar.
As Capelas do Senhor da Rua Nova e de Santo António, na freguesia de Fornos.
As gravuras rupestres no local do Carneiro, no Cabeço da Vigia, na freguesia de Mazouco e as da Fonte Santa ou Casal do Mouro (abrigo rupestre com pinturas a ocre com data provável do II milénio a.C.), na freguesia de Lagoaça.
A calçada romana de Alpajares, ou Calçada do Diabo em Poiares e o Castelo de Alva também em Poiares.
O Pelourinho de Freixo, manuelino, do século XVI e os cruzeiros do Calvário e do Cimo da Costa.
Janelas e outros elementos artísticos de Freixo de Espada à Cinta.
Museus
Casa Museu de Guerra Junqueiro.
Museu dos Missionários no antigo Convento de S. Filipe Nery.
Festas, Feiras e Romarias
O Feriado Municipal é celebrado anualmente na segunda-feira depois da Páscoa. É o dia da tradicional “desfeita do folar” em que os freixenistas se reúnem em locais aprazíveis para comer, entre outras iguarias, o folar pascal e conviver com a família e os amigos.
A feira anual de Freixo realiza-se a 5 de Agosto e é antiquíssima, pois foi criada por D. Dinis em carta de 9 de Março de 1307.
Realizam-se feiras mensais em Freixo, no segundo sábado do mês e em Lagoaça no dia 1 de cada mês.
As principais festividades do concelho, são as de Nossa Senhora dos Montes Ermos, a 15 de Agosto, em Freixo de Espada à Cinta, com a particularidade da romaria à Capela da Santa no alto do monte de São Brás e as festas de Nossa Senhora das Graças em Lagoaça, no segundo Domingo de Setembro, romaria antiquíssima e de grande esplendor que atrai sempre muitos visitantes.
Na área do concelho outras festividades se realizam com significativa importância local. É o caso das festas em honra de Nossa Senhora da Rua Nova, no primeiro Domingo de Setembro, na freguesia de Fornos, o Santo António em Lagoaça, a 13 de Junho e a Nossa Senhora do Rosário, na freguesia de Poiares, no segundo Domingo de Agosto.
Gastronomia
Na gastronomia do concelho de Freixo de Espada à Cinta são característicos: as empadas, os enchidos (alheira, salpicão, chouriços de carne e de ossos), as saladas de lascas de bacalhau cru ou assado, bacalhau cozido com todos em azeite local e a bôla de azeite.
É porém muito mais rica a arte de refeiçoar da população do concelho e, assim, além dos enchidos, existem alguns pratos, produtos da terra e do rio, com significativo valor no panorama gastronómico regional. Dos mais antigos, os casulos, um cozido de vagens secas com carnes de porco fumadas, a omeleta de espargos, o cozido de grão com bacalhau ou carnes de porco, as substanciais sopas ou caldos feitas com produtos das hortas locais, o cabrito e o borrego assados na brasa ou no forno, as sopas de peixe do rio e os peixinhos fritos em escabeche, são alguns dos pratos de referência que se tivermos a sorte de encontrar nalgum restaurante local, jamais esqueceremos pela qualidade dos produtos, a riqueza da confecção e o sabor.
De referir os queijos de ovelha ou cabra de confecção artesanal, segundo formulas antiquíssimas e os vinhos. Ai os vinhos!... de mesa ou generosos, cada vez mais presentes no mercados nacionais e internacionais, pelas suas potencialidades gustativas e organolépticas.
Na doçaria, o destaque vai para os doces com ovos e amêndoa, os doces de chila com amêndoa, os arrepelados e amêndoa coberta.
Artesanato e Folclore
No artesanato do concelho de Freixo de Espada à Cinta, menção especial para a seda, desde o casulo às mais bonitas peças artesanais.
Perduram ainda a tecelagem e os típicos trabalhos em lã e em linho, as colchas, os tapetes, os sacos, os alforges e as mantas de farrapos.
Trabalhos em ferro, em madeira e em pedra.
Outra das artes que esteve quase extinta e hoje felizmente bem recuperada, são os trabalhos em sola (cabedal).
Lendas
Por todo o concelho de Freixo de Espada à Cinta ainda hoje se contam muitas e variadas lendas, que durante décadas preencheram os serões à lareira. De entre tantas que conhece-mos destacamos a “Lenda do Ferronho e dos Castelares”.

“Diz a lenda que no sítio do Castelo Ferronho e nos Castelares existem panelas de ouro, de prata e de peste, enterradas no local onde primeiro bate o sol ao raiar da manhã de S. Miguel. Ninguém se atreve a revolver a terra, dado que morre «meio-mundo», se chegam a descobrir-se.
Conta-se que um sonhador de tesouros, um tal Albano, após três noites visionárias, se pôs a escavar intensamente em determinada e certa direcção. Quando as suas escavações o conduzem até próximo das panelas, ouviu ruídos infernais e uma voz cavernosa e terrificante diz-lhe: « Pára imediatamente, nem mais uma cavadela. Se chegas à nossa vista morrerás fulminado, tu e meio mundo, com a onda de peste que rebentará como um vulcão.» Aturdido e amedrontado alterou-se-lhe o ritmo da respiração, sacudiram-no imagens lúgubres, ensanguentadas, medonhas. Com os cabelos em pé, tremuras por todo o corpo e suores frios, fugiu a sete pés e teve morte a curto prazo mergulhado em loucura. Até aos nossos dias não houve quem mais tentasse esta ousadia”.
O Castelo Ferronho e os Castelares eram atalaias ou esculcas do castelo principal que existia em Freixo. No Ferronho, que vigiava o poente, e a que já o foral outorgado a Freixo por D. Afonso Henriques se referia designando-o por “Ferronium”, ainda hoje se podem observar vestígios de muralhas.
Tempos Livres
A caça e a pesca encontram, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, condições únicas para a sua prática, daí a enorme afluência de visitantes nas épocas respectivas.
Uma das actividades a ganhar grande expressão no concelho de Freixo de Espada à Cinta é o parapente, desporto apoiado pelo Clube de Parapente Grifos do Douro Internacional.
Mas os passeios a pé, de bicicleta, moto quatro ou jipe estão no seu ambiente natural.
Também as actividades aquáticas beneficiam da presença omnipotente do Rio Douro.

in:destinoportugal.pt

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