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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 29 de agosto de 2015

A LENDA DOS TRÊS RIOS

Diz a lenda que três ribeirinhos alegres e saltitantes queriam ver o mar e um dia resolveram meter-se a caminho.
    -Partimos logo de manhã muito cedo - disse um deles.
    -Partimos antes do nascer do Sol - disse o outro.
    -E vamos ver qual de nós chega primeiro ao mar - disse o último.
    O luar brilhava nas águas adormecidas dos três ribeirinhos.

    No outro dia, o primeiro a acordar bocejou, agitou as águas e pensou:
    -Partirei já e assim serem o primeiro a chegar!
    O ribeirinho que sempre ouvira chamarem-lhe Tajo deixou-se escorregar pela montanha. Como era um ribeirinho muito alegre saudava os povoados e as gentes;  a todos dizia adeus e informava:
    -Vou a caminho do mar; tudo é muito lindo, mas eu quero ver o mar. Adeus, adeus.
    Brincava com as raparigas que lavavam a roupa nas suas águas claras, escolhia os caminhos mais belos entre pinheiros, oliveiras e pomares. Aos ribeirinhos que encontrava dizia sempre:
    -Vou para o mar! Venham comigo! Vamos para o mar!
    E muitos abraçavam aquele ribeirinho aventureiro . Cada vez mais forte, o Tajo seguia feliz e encantado com as terras que banhava.
    Um dia, uma menina que brincava com as ondas pequeninas chamou-lhe Tejo e ele gostou do novo nome.
    -Tejo serei para quem me veja.
    E para os pescadores, ele ficou a ser o Tejo que lhes dava o sustento de cada dia. Para os lavradores, ele é o Tejo que lhes rega as terras.
    Calmo e divertido, o Tejo chegou ao mar entrou nele de braços abertos. Ali estava, azul e refrescante, o mar que procura por tão longo caminho.
    Entretanto, tinha acordado outro ribeirinho, aquele que se habituara a que lhe chamassem Ana e sabia que outros que davam o nome de Uadi-Ana, ou seja, Rio Ana.
    Ainda ensonado, não sabia bem qual o melhor caminho para chegar ao mar. Ora corria para um lado, ora mudava para outro. mas sabia que o desejo mar se encontrava para sul.
    E lá seguia, entre terras baixas e secas; mais tarde entre rochedos queimados pelo sol.
    Apercebeu-se então de que o povo o chamava por um novo nome. Agora, para todos, ele era o Guadiana.
    Fez amizade com o Caia e Degebe, uns ribeirinhos tímidos que também queriam ver o mar e se juntaram a este novo amigo.
    Um dia, assim em boa união, encontraram o mar, um mar bem azul e águas tépidas e límpidas. O bom do rio Guadiana mergulhou no Oceano Atlântico feliz como uma criança que brinca na areia.
    Mas não era ele o primeiro a encontrar o Oceano pois o Tejo, que saíra mais cedo, mais cedo encontrara o mar.
    Enfriorado e dorminhoco, o terceiro ribeirinho só acordou quando o sol já tinha acordado há muito tempo.
    -Estou atrasado! Já é muito tarde! - pensava o ribeirinho ensonado.
    Lembra-se de que lhe tinham chamado Durius, mas agora as gentes que o olhavam e lhe chamavam Duero. Corria por terras baixas e secas onde se demorava a observar os campos cultivados.
    Mas não deixa de pensar
    -Vou ser o último! É preciso correr!
    E partiu de abalada  esgueirando-se por corredores pedregosos saltando rochedos, correndo apressado, cada vez mais apressado.
    Nas suas margens subiam encostas cobertas de vinhedos com folhas verdes na Primavera e folhas douradas no Outono, escondendo pesados cachos de uvas maduras.
    -Quero chegar ao mar, mas vou ser o último, já sei, vou ser o último! -

Por isso, o Douro que também é Duero e já foi Durius, acabou por seguir o caminho mais agitado.

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