Os três acusados do homicídio de uma professora primária aposentada de Mirandela, incluindo a filha da vítima, permaneceram hoje em silêncio, no início do julgamento que decorre no tribunal daquela comarca.
Maria Madalena, de 72 anos, desapareceu a 13 de Novembro de 2010 de Mirandela, cidade do distrito de Bragança onde residia, e o corpo foi encontrado por pescadores, quase quinze dias depois, a boiar na barragem de Bagaúste, no rio Douro, no distrito de Vila Real.
"Por agora, não pretendo falar", declarou ao colectivo de juízes a filha, de 49 anos, Maria Helena, secundada pelos outros dois arguidos, o marido, de 68 anos, e uma amiga de 50 anos.
Os três são acusados de terem sequestrado a vítima, de a "asfixiarem ou intoxicarem" e de se terem desfeito do corpo atirando-o ao rio Douro, com uma pedra de "30 quilos", segundo a acusação.
O propósito, de acordo ainda com a investigação, terá sido o de permitir que a filha, única herdeira, se apoderasse de dinheiro e património da mãe.
Os três arguidos são acusados de homicídio qualificado, em co-autoria e na forma consumada, de profanação de cadáver e o casal também de detenção de arma branca, por a Polícia Judiciária (PJ) ter encontrado na sua posse uma substância com a qual a vítima terá sido assassinada.
A acusação entende que a filha e o genro começaram a engendrar um plano para matar a idosa depois da morte do marido, que lhes daria "elevadas quantias em dinheiro" e pagaria "as dívidas que contrariam".
Desde a morte do homem, o casal suspeito começou a passar dificuldades financeiras e terá começado a pressionar a vítima para fazerem partilhas, mas não terão chegado a acordo.
Para executarem o plano a filha e o genro terão contado com a ajuda da amiga, também arguida.
Só quase três anos depois do crime, em Abril de 2013, é que a PJ deteve os três suspeitos, todos residentes em Mirandela, que ficaram a aguardar julgamento em liberdade mediante o pagamento de cauções no montante global de 275 mil euros.
O colectivo de juízes do Tribunal de Mirandela vai ouvir como testemunhas essencialmente os elementos da Polícia Judiciária e amigos e conhecidos da vítima.
O Tribunal ainda não tem uma previsão para a conclusão do julgamento, já que há uma testemunha considerada "essencial" pelo Ministério Público que se encontra em parte incerta.
Como ainda não foi possível notificar ou localizar a referida testemunha, o Tribunal decidiu procurá-la com a ajuda de serviços informáticos e internacionais, como os consulados portugueses.
Quando for encontrada, a testemunha deverá ser ouvida ou "por carta rogatória ou através de videoconferência", segundo decisão judicial.
Lusa/SOL
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