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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

…coisas do folar

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Num dos juntórios da aldeia, ao fim da tarde, o Sr. Albininho que tinha sido Seminarista, filósofo e maçom, exortava à reflexão os seus pares de conversa que o ouviam boquiabertos:
- É necessário interpretar os sinais, ver para além do imediato e do senso comum, como quem decifra nas velhas catedrais as marcas escavadas no granito e que guardam segredos de velhos pedreiros, capazes de transformar a pedra bruta, em magníficas casas do Senhor.
Teorizava, solenemente, o Sr. Albininho, perante a admiração dos presentes, que não entendiam bem tamanha sabedoria do Sr. Albino…mas devia ter razão.
- Já agora sabeis por que se faz o folar pela Páscoa?!
- Porque sempre se fez!
Respondeu, todo repenicado, o alonso do Tonho que sempre tinha resposta para tudo…principalmente para a estupidez! 
Diria o Sr. Albininho.
Mas, fazendo que não ouviu a atoarda do Tonho, o Sr. Albininho, solenemente, continuou:
- Assim, em tempo de galinhas poedeiras que é este, e na poupança da carne, durante 40 dias, era necessário encontrar uma fórmula para que estes produtos não se estragassem, comprometendo a precária economia doméstica. Então, o Povo, sempre sábio, toca de amassar pão com ovos, recheando-o com chouriços e presunto velho e assim, com certeza, nasceu o folar que sabe que regala e faz mal quanto basta, na abundância dos ovos, das gorduras e das carnes fumadas.
Todos ficaram admirados com tanta sabedoria e até o somítico do Barbeiro se propôs pagar uma rodada de vinho na taberna que, nesta tarde de conversa, tinha tido pouca clientela.


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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