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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Contadores de histórias reconhecidos por guardarem as memórias do Douro

Dezanove durienses recebem a 12 de Dezembro o diploma de «Narrador da Memória» por terem guardado as histórias ouvidas nos serões à lareira ou nas ruas ainda sem luz e que foram agora rebuscar nas recordações para transmitir às novas gerações.

Raul Carvalho, 89 anos, Judite Mesquita, 75 anos, e José Marques Soares, 83 anos, são três desses contadores de histórias que contribuíram para o projecto de inventariação do património imaterial da região duriense que está a ser promovido pelo Museu do Douro.

Raul ou o capitão Carvalho, como ainda é conhecido, é um homem de cabelos brancos e olhar vivo que guarda na memória as histórias ouvidas nos serões à lareira da casa dos avós, em Borbela, Vila Real, para onde ia de férias em criança.

Em Lisboa não tinha liberdade e era na aldeia que se sentia feliz. É aqui que agora mora. Sentado na praça em frente à sua casa abre o baú das recordações de onde retira lendas e contos como a do «Deus te pague» que conta a viagem de São Pedro à terra a mando do «Divino Mestre».

«São coisas que contavam na altura, nos serões sentados à lareira enquanto a avó fazia o caldo», afirmou.

Na altura não havia televisão e a rádio ainda não era muito frequente. «O passatempo eram as histórias que eles até inventavam para nós», salientou.

Quase todas tinham um «fundo moral» e um «ensinamento». «Ensinavam-nos a respeitar os mais velhinhos e proibiam de fazer isto ou aquilo», acrescentou.

A conversa é interrompida por Maria Helena Santos, uma vizinha de 83 anos que lembrou também os serões na rua a fiar ou a fazer renda, sob a luz de uma candeia e durante os quais eram contadas muitas lendas e contos.

Agora, o capitão Carvalho gosta de ser ele a contar aos seus sete filhos, 13 netos e quatro bisnetos, considerando que esta é uma forma de união entre a família.

Foi também com a avó que Judite Mesquita aprendeu histórias que, depois, foram ficando fechadas e que está agora a rebuscar na memória. «Nem me lembra há quanto tempo não falava destes assuntos», afirmou.

São lembranças que, segundo Judite Mesquita, contam a história dos locais. «Praticamente é o que fica, são as histórias», acrescentou.

Agora, diz-se empenhada em recuperar estes «bens imateriais» e transmiti-los. «Um dia alguém pega num livro e vai encontrá-las. Acho esta ideia óptima», frisou.

Foi nas ruas sem electricidade de Sabrosa que José Marques Soares, o carcereiro ou guarda prisional, ouviu falar de bruxas e lobisomens e, dos livros da 4.º classe, guardou os poemas e quadras.

«Havia uma rua apertada e os rapazes mais velhos diziam que ali andava um lobisomem e nós já não íamos para lá», contou o octogenário.

Eram «tempos de antigamente» em que eram poucas as distrações para os jovens. José gostava também de cantar à desgarrada e até criou músicas para as quadras, coisas que agora faz questão de passar aos filhos e netos.

É o Museu do Douro que entrega os diplomas aos «Narradores da Memória». Estes novos guardiães possuem entre os 61 e os 96 anos e são residentes nos concelhos de Vila Real e Sabrosa. Desde 2007, foram atribuídos 45 diplomas.

«Este trabalho já permitiu resgatar um número superior a 600 narrações orais, entre contos populares, lendas e mitos da região do Douro», sublinhou o coordenador do projecto, Alexandre Parafita.

As novas histórias foram compiladas no 3.º volume da obra «Património Imaterial do Douro», que vai ser lançado no Fórum do Património Imaterial do Douro, que decorre dia 12 de Dezembro, na sede do museu, no Peso da Régua.

Café Portugal/Lusa; Foto - Blogue «Rostos Transmontanos»

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