Este traje típico desta zona raiana foi em tempos o abrigo dos pastores, hoje é utilizada em cerimónias e dias de festa e pelas famílias com mais recursos financeiros.
O valor da capa oscila entre os 500 e os 800 euros e vai passando de geração em geração. Laureano Fernandes tem uma capa de 1907 que herdou do avô. Mandou-a restaurar e hoje é com orgulho que desfila com este traje. “Esta capa era do meu ave, que nasceu em Ifanes. Esteve muito deteriorada porque esteve numa arca e depois veio para Miranda, mandei-a restaurar, tem o bilhete de identidade nas costas, na honra, que é de 1907, portanto tem 108 anos. Para mim é uma honra ter uma capa destas.
Antigamente era muito utilizada pelos pastores, dizia o meu avô que andavam oito ou dez dias debaixo de chuva e não repassava a água para dentro e depois era preciso esperar outro tanto tempo para ela secar”, realça o mirandês. Para preservar esta tradição, o Município de Miranda do Douro organizou a primeira cerimónia de exaltação da capa de honra.
O autarca de Miranda do Douro, Artur Nunes, confessa que o objectivo é manter esta união entre mirandeses e espanhóis em torno da capa de honra. “Um ano que se faça do lado português, no outro ano que se faça do lado espanhol. No fundo é que as pessoas valorizem aquilo que temos, valorizem também aquilo que têm nos baús, há muita gente que ainda tem estas capas metidas nos baús, que as mostrem e que as ponham como honra da família, como honra mirandesa.
É isso que cada vez mais estamos a destacar, quer do lado português, quer do lado espanhol. E aquilo que queremos efectivamente é dar este passo em frente na valorização da capa, do traje mirandês e de todos os produtos associados a este tecido que é o burel”, enaltece o autarca.
Nesta cerimónia foram homenageados os três artesãos do concelho de Miranda do Douro que confeccionam capas de honra. Um deles é Aureliano Rodrigues, que se dedica a esta arte há mais de 60 anos. Assegura que têm aumentado as encomendas. “Ultimamente tem tido bastante procura.
É uma peça de artesanato das mais belas do País e portanto ainda se confeccionam algumas. Vendo para Espanha e para Portugal”, realça o artesão.
Escrito por Brigantia
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