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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O último fio da tecedeira

Habitante de Deilão passou cerca de 60 anos em frente ao tear a fabricar tapetes e colchas que vendia para fora


A primeira vez que se encostou a um tear foi há cerca de seis décadas, quando, aos 14 anos, a mãe lhe começou a ensinar a arte de tecer. Mais tarde, e depois de ter casado, Ermelinda Fernandes foi buscar o tear de família e retomou aquela actividade.

“Foi uma maneira de ocupar o meu tempo, já que não tinha animais para cuidar”, explicou ao Jornal NORDESTE.
Desde então, já perdeu as contas às mantas, tapetes e colchas que fabricou, assim como às noites passadas em frente ao tear, acompanhada, de Inverno, por um balde de lata onde colocava brasas para se aquecer. “Não importava se estava sol, chuva ou neve. Eu passava todo o tempo a trabalhar”, referiu Ermelinda Fernandes.

Cada peça demorava cerca de 20 dias ou um mês para ficar pronta e era vendida entre 400 a 500 euros. Dinheiro que, segundo a tecelã, era essencial para ajudar a sustentar a casa. “Apesar de demorar muito tempo a concluir uma colcha, gostava do que fazia e precisava do que ganhava”, relatou a artesã.
As peças eram, segundo Ermelinda Fernandes, compradas, maioritariamente, por pessoas que chegavam de fora. “Às vezes, tinha dez carros à porta de pessoas que vinham à procura de mantas ou tapetes. Chegavam, até, a querer comprar coisas usadas”, recorda.

Aos 73 anos, trabalha, apenas, durante o Verão, uma vez que a saúde não lhe permite passar muitas horas, no Inverno, em frente ao tear. No entanto, Ermelinda Fernandes sublinha que é com pena que abandona esta arte. “É árdua e escraviza uma pessoa, mas sempre que eu pegava numa peça pronta, ficava mais animada para continuar a fabricar coisas bonitas”, salienta.

Ermelinda Fernandes gostaria de transmitir os seus conhecimentos às gerações mais novas e lamenta que esta arte esteja a morrer

Com a paragem do tear de Ermelinda Fernandes, “morre”, também, uma arte que vem desde os tempos mais remotos. “Antes, as famílias eram grandes e todos se vestiam com o que a casa colhia e depois produzia”, relembra a tecedeira.
Hoje, porém, ninguém quer aprender a fabricar peças artesanais ou trabalhar com um tear. “Falta paciência, porque é uma actividade muito difícil e que tem que ser feita com muito cuidado”, aponta a tecelã.
A entrega total a esta arte e o tempo dispendido para produzir uma peça são, na óptica de Ermelinda Fernandes, os principais factores que desanimam as potenciais aprendizes. “Eu teria todo o gosto de transmitir os meus conhecimento, porque é uma actividade muito bonita. Mas é preciso passar horas, de Inverno e Verão, em frente ao tear”, referiu.
Ermelinda Fernandes foi a protagonista do filme “Pelo Buraco da Chave”, que fala sobre a tecelagem e o tear. A película foi apresentada, no dia de Natal, em Deilão e, segundo a tecedeira, foi muito apreciada pelos habitantes. “Os responsáveis pelo filme visitaram-me várias vezes e acompanharam as etapas do tecer até ao produto final”, explicou a artesã.

in:diariodetrasosmontes.com

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