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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

AQUI JÁZ UMA LENDA

Era lindo o Rio Tua! 
E era porreiro! No Inverno pregava uns caguços valentes. No Verão deixava-nos apanhar peixes á pala e nadar e mergulhar em águas calmas e claras. Aprendi a nadar na fraga grande!
Dava meia dúzia de pintchos cada vez q o meu Pai mandava o Baptista pastar os bois prás salgueiras, onde havia erva fresca e as moscas num picavam o Cabano e o Amarelo.
Eu ía com ele, a cavalo pra atravessar no váu. Passávamos a tarde ós ninhos, a apanhar cobras pelo rabo, a ver os pica-peixes, os mergulhões e, uma ou outra lontra.
Ás vezes aparecia um peixe de barriga pró ar, mas pra ir buscá-lo... Bai lá! 
Olha, crias! Bai lá tu! 
Num se via o fundo do rio e as fragas debaixo de água pareciam lobisómes á espera de nos apanhar uma perna. Ou o peixe - cabalo q nos arrastava pró fundo do piadocórbo!
Nã, eu num bou lá! 
Atão bamos os dois!
O peixe é q tinha de vir.
Olha!
Bem lá o cambóio das seis!
Vinha carregado de adubo e a velha máquina bufava mais q o peixe-cavalo!Fugíamos até á curva do Ribeiro dasBogas e conseguíamos apanhá-lo. Íamos até á estação de Codeçais, onde parava pra meter água. Logo q abrandava saltávamos pra fugir ó Carregador! Corria - nos á pedrada!
Ó toque das alminhas, já cansados, sentávamos - nos a ouvir as rãs. Róóóc,  Róóóc,Róóóc! Eram ós milhares!
Passei lá agora. Á tarde. E fiquei baralhado! Não conhecia aquele rio! As margens carrapatas, limpas! Não vi peixes a saltar! Não vi as salgueiras! Não vi pica-peixes! Não vi mergulhões! Não vi lontras! E em vez do barulho inconfundível do " cambóio " das seis, ouvi o ruído ensurdecedor de pesadas máquinas q desfizeram as salgueiras, os amieiros, os choupos e espantaram a bicharada ! 
Cum C r lho!...
Mataram o Meu Rio Tua!!!
E no fundo do Piar do Côrvo com vinte metros de água agora amansada em cima, vão sepultar o herói e fantasma dos meus sonhos de menino, O Peixe - Cavalo.
Vou fazer o que posso.
A placa, lápide negra, não deixará morrer a minha inocência

AQUI JÁZ UMA LENDA

António Magalhães
Grupo: Trás-os-Montes - Um Reino Maravilhoso

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