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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Onde o deus Baco se veste de São Martinho…

Fotos: Filipe Camelo
Outrora conhecida como a “festa dos bêbados”, hoje há quem perceba nela um sentido antropológico profundo.
A festa do São Martinho de Maçores, em Trás-os-Montes, que dura 3 dias e um pouco mais (daí o provérbio “Verão de São Martinho são três dias e mais um bocadinho”), é dominada por uma mescla de rituais cristãos e pagãos, sendo que nestes são percetíveis reminiscências dos antigos cultos aos deuses da vinha e do vinho das culturas clássicas grega e romana.
Na festa de Maçores realça-se uma procissão de homens, encimada por um gaiteiro, que vai pelas ruas recolhendo dos lavradores as dádivas de vinho novo que é despejado das pichorras para uma caldeira que dois rapazes conduzem enfiada numa vara. Feita a recolha, a população e os visitantes ajoelham-se diante da caldeira e cada um debruça-se sobre ela para beber, sempre ao som da gaita-de-foles. No mesmo local, assam-se as castanhas em lume feito de palha e distribuem-se os bilhós a quem participa na festa.
Há, assim, neste ritual restos de uma herança clara das celebrações às divindades mitológicas da Grécia antiga e do império romano, onde o culto do vinho se popularizou com as suas excentricidades, em homenagem ao deus Dionísio na Grécia e ao seu homólogo Baco no império romano, um e outro deuses do vinho, das festas e dos excessos.
Quanto à relação do São Martinho com o vinho ou com este culto pagão, ela nada tem a ver com a sua natureza e perfil hagiográfico. A lenda do santo, bem conhecida, vai noutros sentidos e explica, por exemplo, a sua conversão ao cristianismo e também o fenómeno meteorológico chamado “Verão de São Martinho”. Trata-se, pois e apenas, de uma oportuna coincidência de calendário: nesta altura do ano, acontece o fim do ciclo de fermentação do mosto, e o vinho já está em condições de ser bebido. Daí também o provérbio: “No São Martinho já o mosto é bom vinho”.

AP
in:diariodetrasosmontes.com

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