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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A moura encantada no fundo de um poço

Uma vez três amigos souberam que estava uma moura encantada no fundo de um poço [em Rio de Onor, concelho de Bragança] e resolveram ir desencantá-la. O primeiro desceu num cesto, mas a certa altura era tal a escuridão que ele tocou a campainha e os outros puxaram-no cá para fora. O segundo foi mais fundo, mas eram tantos os mosquitos que ele também tocou e foi içado. O terceiro disse que se tocasse era para o descerem ainda mais. Quando ia a meio viu-se muito aflito, mas por mais que tocasse, os outros iam-no sempre descendo.
Por fim, chegou ao fundo e encontrou uma linda moura encantada, que lhe disse:
– Ó homem, tu que fizeste? Tu estás perdido! O diabo é quem me guarda, e ele vem aí já e mata-te! Olha, ele vai desafiar-te para um duelo e mostrar-te espadas muito lindas e uma feia. As lindas são de vidro e tu deves pegar na outra.
Assim sucedeu. O diabo apareceu e, cheio de fúria, desafiou o homem para um duelo. O homem pegou na espada ferrugenta que era a de ferro, enquanto que o diabo teve de ficar com a de vidro. Vai o homem e zás, cortou uma orelha ao diabo, que deu um berro e deitou a fugir. A moura ficou toda contente e disse:
– Bem, já estamos livres dele, agora somos livres!
Mas o homem não sabia o que havia de fazer. Então a moura disse:
– Tu tens aí a orelha dele e desde que a mordas tens tudo quanto queiras.
O homem mordeu a ponta da orelha e logo lhe apareceu o diabo a perguntar o que é que ele queria. Ele disse que queria que os tirasse dali para fora. Logo baixaram o cesto os companheiros e a moura subiu. Mas mal esta chegou lá acima, estes ficaram com ela e deixaram o companheiro sozinho no fundo do poço.

obs)* Jorge Dias acrescenta ao texto a indicação de que “a história devia ter continuação, mas [os informantes, não indicados] não sabiam mais”.

Fonte: DIAS, Jorge – Rio de Onor – Comunitarismo Agro-Pastoril,
Lisboa, Ed. Presença, s/d, p.172.

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