Um homem ia para Roma; perdeu-se e foi bater a um povo chamado Foz d’Aroiça(27). Pernoitou numa casa, onde uma mulher lhe procurou de que sítio era. Ele respondeu:
– De Rego da Vide(28).
Ela perguntou-lhe se sabia o sítio duma fraga, que tinha um buraco; ele respondeu que sim. Então ela disse-lhe:
– Eu convido-o bem(29) e há-de chegar ao dito buraco e dizer três vezes: Basília!
Ele foi e respondeu-lhe uma voz de dentro:
– Quem pelo nome me chama notícias de minha mãe traz.
A dita mulher entregara-lhe uma jumentinha de massa, que ele devia conservar inteira até ao momento em que a voz lhe respondesse. Assim a devia lançar ao tal buraco. Ele, porém, levando-a no bolso, deixou-lhe quebrar uma perna. Quando a deitou ao buraco, ouviu:
– Que infeliz tu foste! Dobraste o meu encanto. Além do dinheiro que minha mãe te deu, ficavas senhor dum grande haver. Contudo voltarás e aqui acharás todos os dias um tostão.
Um dia ele estava a jogar e disse:
“– Troco e torno a trocar,
Que a fraga da moura
Para tudo há-de dar.”
Desde então não deu a fraga mais nada.
Fonte: VASCONCELLOS, J. Leite – Contos Populares e Lendas, Coimbra, Acta Universitatis Conimbrigensis, 1969, pp. 790-791.
(27) Não nos foi possível, na Região de Trás-os-Montes, localizar aldeia alguma com este nome. É de admitir que se trate de povoação antiga já extinta, ou então este nome corresponda a qualquer outra localizada em zona mais distante (por exemplo, no concelho de Lousã há uma aldeia chamada Foz do
Arouce).
(28) Pertence ao concelho de Mirandela
(29) Regionalismo que é sinónimo de “recompenso-o bem”.
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