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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A ESCOLA E OS DEMAGOGOS

Nas democracias a sério o acesso de todos os cidadãos à escola é um direito inalienável, garantido pelo Estado, recorrendo a todos os meios de que dispõe, materiais, humanos, jurídicos ou policiais.
Foi longo e difícil o caminho civilizacional até ali chegar, há pouco mais de um século, num número reduzido de países, enquanto milhares de milhões de seres humanos continuam a passar pelo mundo num ambiente sombrio em que o conhecimento se confunde com a superstição e a feitiçaria, longe da racionalidade da ciência.
Por isso, a educação se entende como instrumento de liberdade e autonomia dos cidadãos, na esperança de que o futuro conheça uma humanidade capaz de lidar com o mundo de forma cada vez mais inteligente, traduzida no recúo dos instintos e na construção de uma comunidade de destino, solidária nas angústias, serena e generosa nas conquistas.
A escola para todos requer de cada um participação no esforço colectivo, contribuindo para a equidade, diferente do igualitarismo, que se revelou causa de equívocos demolidores em diversas sociedades no último meio século.
Naturalmente, a escola não pode ser senão inclusiva. Cumpre-lhe acolher todos os cidadãos e proporcionar-lhes todos os meios para que realizem a autonomia, a liberdade e assumam a responsabilidade.
Neste país as políticas educativas têm sido condicionadas por pressupostos ideológicos que colidem fragorosamente com a vida real ou, ainda pior, por tácticas político-partidárias mais relacionadas com o imediatismo eleiçoeiro do que com os desígnios firmes e sólidos do país.
Pela década de 70, depois da festa de Abril, a escola, que estivera fechada à maioria, encheu-se. A massificação trouxe a propensão para o facilitismo. Uma onda de mediania entorpecedora instalou-se sob a capa das oportunidades para todos, produzindo ignorância diplomada, com efeitos nefastos nas décadas seguintes.
Depois veio a ressaca. Chegaram os exames nacionais que revelaram contradições insanáveis, legitimando colégios privados que reservaram lugar cativo num ranking, aparentemente criado para pôr em causa a estrutura educativa do Estado. Devia ter-se concluído que democratizar não é mediocratizar, porque incluir todos não pode resultar em prejuízo dos dedicados e esforçados, que também têm direito à profundidade dos conhecimentos, até porque sem eles, provavelmente, a estagnação tomará conta do futuro.
No entanto, depois de um safanão, apresentado como instrumento de reposição do equilíbrio, estamos em novo momento de transe, quando nos querem convencer que a escola para todos implica a desvalorização do esforço e da vontade de alargar horizontes, especialmente quando um secretário de Estado disse que o reconhecimento do mérito dos alunos é prática que não considera importante, apesar de estar prevista na lei desde o tempo da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Enredando-nos nesta teia de contradições, que só a demagogia pode urdir, certamente não encontraremos forma de cumprir o maior objectivo da escola, que é garantir a todos condições de sabedoria, dignidade e talvez felicidade.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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