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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Ano de 1907 - Primeiro atropelamento mortal em Bragança

É bem provável que o acidente que vamos referir possa ter sido o primeiro atropelamento mortal provocado pelo condutor de um veículo automóvel em Bragança. Mesmo que não tenha sido, vale a pena relatá-lo, pela carga dramática, por todas as circunstâncias envolventes, pelos protagonistas e intervenientes. E, sobretudo, porque deixa transparecer a “coexistência”, no aglomerado, de relações entre o mundo urbano e mundo rural, que aqui se misturavam. 



Estamos em 1907. A 4 de fevereiro, dia da primeira feira do mês. O condutor de um carro “desgovernado” provoca um acidente em que morreu uma criança com 18 meses. O caso, como não podia deixar de ser, chega a tribunal. Pelas peças do processo, é possível reconstituir a ocorrência.
Poucos seriam os veículos motorizados em Bragança e muito pouco expressiva seria, ainda, a circulação automóvel. Não deixa de ser digno de registo o facto de haver um outro meio bem mais arcaico “envolvido no acidente”, um burro. Encontram-se e cruzam-se, no quotidiano, dois mundos e dois tempos que coexistem: o de uma civilização que desponta e se afirma (que cria “máquinas velozes” que já marcam presença na urbe) e de uma outra que vem de tempos profundos, que envolve personagens ligadas ao meio rural e meios de transporte cuja circulação devia ser bem mais habitual no aglomerado urbano. Em confronto, o mundo daqueles, poucos, que, com possibilidades, podiam apostar no progresso e o daqueles, muitos, que não têm acesso a tais “conquistas civilizacionais”, e até desconfiam delas.
É assim que uma das testemunhas, um proprietário de hotel, descreve o acontecido: estando “na Rua do Loreto, presenciou que uma mulher com duas crianças desciam a Rua do Loreto a cavalo em um burro, e um pouco atrás, seguia com bastante velocidade um carro pertencente a António Gonçalves e guiado por um criado deste… a quem não conhecia; que o carro saiu da estrada para entrar na calçada da rua.” Uma das crianças acabou por ser atropelada mortalmente. Pelas circunstâncias bizarras que o envolveram, o acidente deveria ter impressionado vivamente os habitantes do aglomerado…

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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