(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Em cada noite lenta de sombras e espetros vazios
ele regressava aos lugares de onde nunca tinha partido.
Vagueava pelo norte acaso dos caminhos perdidos,
pela cidade poluída, caída em desuso
e num voo noturno se construía pessoa
disfarçado com asas de esperança.
Era apenas assim que acreditava merecer a vida.
Agarrado aos pincéis em bruto da alma
entre a misteriosa ponte de nevoeiro
pincelava a fé escondida dos homens
quando parecia não haver mais nada…
Com letras soltas de aromas e silêncio,
pois assim se constroem as palavras
onde cabem todos os mistérios da vida.
Abraçado à leveza do branco alvo que acolhe
renascia no azul da imensidão que se faz próxima
e num rosa sorriso de afetos revelados
transbordava a essência do vermelho emoção
absorvido no verde futuro de uma outra dimensão.
E assim explodia no brilho dourado que emana
a gratidão serena do violeta imortalizado.
Souberam depois que se demorava sempre
na luz confundida entre a noite e o dia
ao encontro de uma madrugada sem tempo
a tornar única, esta promessa sem opções.
Ficou conhecido na cidade e no mundo…
Era ele: o Pintor de Emoções.
Paula Freire - Psicologia de formação, fotografia e arte de coração. Com o pensamento no papel, segue as palavras de Alberto Caeiro, 'a espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias'.
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