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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

QUEM MAIS DÁ MAIS AMIGO É DO SANTO

Como vai a nossa gente boa a amiga? Como diz o nosso povo “NÓS CÁ VAMOS E CÁ IMOS!”.

Para nós, que nos queixamos com o frio, lembro a todos que estamos em pleno Inverno e que além das geadas que têm sido ásperas, também o nevoeiro tem marcado bem a sua presença. A chuva e a neve ainda andam a fazer os exercícios de aquecimento para poderem entrar nesta época.

Atenção familiazinha, está aí a senhora gripe! Há lares inteiros que já a apanharam, pois basta que um elemento da família se contagie para que os restantes fiquem automaticamente habilitados a tão mau prémio. Este tempo, em especial o nevoeiro, também mexe nos ossos daqueles cujo corpo já é uma autêntica estação meteorológica.

A azeitona ainda vai dando trabalho, pois em algumas aldeias ainda há muita por apanhar, como é o caso de Castro Vicente (Mogadouro) onde, segundo o nosso tio Amândio Valença, têm ainda várias semanas de azeitona pela frente. Continuando na agricultura, há muita da nossa gente que está “tipo de férias”, mas outros há que vão lavrando e plantando castanheiros e oliveiras, assim como pequenas sementeiras de alhos e outras miudezas.

A nossa rádio retrata a vida diária de pessoas simples e humildes, cheias de bom coração, que nos habituaram a fazer da rádio a Família do Tio João. Diariamente é sempre uma incógnita quem pode aparecer a confortar a família com o seu calor humano, nestas madrugadas tão gélidas, mas uma certeza temos: milhares de ouvidos nos escutam e fazem da nossa voz a mais ouvida de toda a região.

No ano em que estamos a festejar os trinta anos de existência da nossa família, tivemos, na passada sexta-feira, uma participação telefónica de uma senhora que nos ouviu pela primeira vez e nos disse que ficou apaixonada “à primeira vista” pelo programa, explicando-nos que foi o seu marido, motorista de profissão, a circular na A52, entre a Puebla de Sanabria e Verin, que nos sintonizou e lhe telefonou a contar que estava a ouvir um programa de rádio único e apaixonante. Logo de seguida e depois do telefonema do seu marido, a tia Adélia, que vive em Celorico da Beira (Guarda), encontrou a nossa rádio na internet e ligou-nos, fazendo com que o seu marido, Carlos Gomes, também nos tenha ligado muito emocionado. Fizemos-lhes o baptismo de tio e tia, recebendo-os de braços abertos na nossa família, que assim ficou mais forte. Desde o início deste ano de 2019, já ultrapassamos as 600 participações em directo, e destas, 20 foram novas apresentações.

Nos últimos dias têm-se festejado os santos de Janeiro um pouco por toda a parte. Na nossa região, o dia 15 foi o dia de Santo Amaro, o dia 17 foi o de Santo Antão, o dia 20 foi o de São Sebastião e hoje, dia 22, é o dia de São Vicente. Ao longo dos anos, tradição antiga, estes santos são presenteados com peças de bom fumeiro, salpicões, chouriças, alheiras e outras partes do porco. Apesar de haver cada vez mais localidades em que a matança do porco caiu em desuso, como é o caso de Salselas (Macedo de Cavaleiros), terra da tia Noémia, que nos contou que, nesta localidade, da capela do São Sebastião nem as portas se abriram e nem a uma missa teve direito. De referir que São Sebastião é o santo que mais “casas próprias” tem na nossa região e nas localidades onde não tem capela própria, tem um lugar de honra no altar da igreja matriz.

Por estas e por outras, é com alegria que constatamos que a tradição dos arremates ainda se mantém em muitas localidades, como é o caso de Alimonde (Bragança), onde se arrematam peça por peça aquilo que as pessoas oferecem, desde fumeiro a animais vivos, bolos e garrafas de bebidas. Em Baçal (Bragança), o tio Eusébio contou-nos que há dois anos, um salpicão atingiu o valor de 110 euros no arremate, porque a pessoa que o ofereceu, incentivou as puxadas, licitando ela também e acabou por ficar com ele. Como diz o povo “quem mais dá, mais amigo é do santo”. Em Vale de Lamas (Bragança), além do arremate individual das peças de fumeiro, também fazem o ramo de fumeiro e o ramo de doçaria para arremate. Também em Castro Vicente (Mogadouro), no dia de São Vicente (22) se fez o arremate do ramo, composto por fumeiro e animais vivos e que é licitado de uma só vez, entre o grupo dos casados e o grupo dos solteiros, sendo que no fim é repartido por todos, assim como os custos. Na aldeia de Caravela (Bragança), no dia das contas, dia de São Sebastião (20), foram leiloados um cesto cheio de orelhas de porco e outro de pés de porco. Antigamente este leilão rendia mais porque os cestos também eram maiores. Mesmo assim, o seu valor ainda chega aos 250 euros actualmente. Em algumas das nossas terras os arremates são abertos a toda a gente que apareça, seja ou não natural ou com ligações à localidade, o que motiva o despique das puxadas que vai reflectir-se no preço final. Noutras localidades a tradição é que só as pessoas naturais da aldeia podem participar nas licitações.

Na última semana estiveram de parabéns a Rosalina (53) de Rebordelo (Vinhais); Agostinha (50), de Estorãos (Valpaços); Vítor Pinela (46), de Sacoias; Maria (62), esposa do Jorge Rodrigues que nos ouvem de Colónia (Alemanha); Fernanda (57), de Bagueixe (Macedo de Cavaleiros); Helena Romão (81), de Caravela (Bragança) e Palmira (58), de Grijó (Bragança). Que todos eles continuem a festejar a vida connosco.

Tio João
in:jornalnordeste.com

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