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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

RESGATAR A MEMÓRIA PARA SALVAR O FUTURO

São muitas as razões para termos chegado à condição difícil, talvez irrecuperável deste nordeste transmontano, em agonia prolongada há décadas, sem que alguém tenha encarado a realidade com a necessária coragem de agir para reverter o que nunca foi inevitável.
É uma longa história de indignidade dos poderes centrais, que contaram com a reverência estulta dos provincianos de cá, embasbacados com os luxos e pedrarias que lhes diziam encher a capital do reino, depois república de sendeiros, sem horizonte para além da mesquinhez pançuda, a resfolegar até à apoplexia, que a vida são dois dias e quem vier detrás que feche a porta. 
Ainda por cima sobreveio meio século de um regime político que renegava o mundo que havia de chegar, fechando-se numa redoma de tristeza, com saudades de um país que, afinal, nunca existira como era contado a legiões de analfabetos.
Apesar da aparente valorização do passado, esses cinquentas anos cumpriram-se com a omissão, displicente ou deliberada, do conhecimento sólido da história do país.
Enquanto outros países realizavam avanços notáveis, com recurso à investigação histórico-arqueológica, por cá foi-se vivendo de hipóteses fantasiosas ou da pura e simples ignorância, que abria as portas ao fatalismo resignado ou ao abandono sem remorsos dos territórios e das comunidades.
Exemplo flagrante era a pretensa história de Bragança, a que se atribuíam origens nos séculos XII/XIII, porque não havia informação sobre períodos anteriores, nomeadamente da presença romana desde o século I d.C, de que se veio a ter notícia quando se realizou uma grande intervenção na cidade na transição do milénio.
Claro que não se pode ignorar o esforço e a dedicação de personalidades respeitáveis, de que é exemplo maior Francisco Manuel Alves, o Abade de Baçal que, sem suporte técnico ou científico, conseguiu realizar obra memorável, deixando claro que havia muito mais para fazer.
Mas, depois do voluntarismo e generosidade do Abade, longas décadas foram desperdiçadas, contribuindo para agravar o desenraizamento dos que saíram, mas também dos que ficaram e não puderam potenciar um património que, simplesmente, não conheciam, porque a política nacional não se empenhava em descobri-lo, muito menos em valorizá-lo.
Nas últimas décadas as coisas foram mudando. Nota-se agora vontade de promover trabalhos arqueológicos com alguma intensidade, as autarquias estão mais empenhadas e realizam-se escavações que revelam estruturas importantes para o conhecimento do passado e do património.
Para além desta conquista, valia a pena que o Estado, as autarquias e os cidadãos conjugassem esforços para valorizar a história da região, concebendo e pondo em prática rotas turísticas, com significado económico, contribuindo então para que o passado se torne num verdadeiro suporte do futuro de que não queremos abdicar.
Tendo em conta o exemplo do Côa, haveremos de reconhecer que há opções que valem a pena, mesmo quando não satisfazem o imediatismo. A persistência é a maior aliada da esperança. 


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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