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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

ESPERANÇA PALAS JÁ FAZ PÃO CASEIRO DESDE OS 10 ANOS

 Nesta edição, vamos falar sobre o pão caseiro. Sabemos que muitas casas da aldeia têm o seu forno, mas durante algum tempo e com a ida dos padeiros às aldeias as pessoas acomodavam-se a comprar o pão. Há 40 anos ainda havia em algumas aldeias o forno comunitário, onde as pessoas faziam o seu pão, pois nessa altura não havia padeiros ambulantes. Em Vilar de Ouro, Mirandela, foi reconstruído o forno comunitário há pouco tempo. Tal como nos disse o António Pedro Pires, nosso ouvinte, já há algumas pessoas da aldeia a aproveitar o forno para cozer.
No início deste ano, o pão subiu de preço, e embora o preço da farinha também tenha subido, as pessoas que ainda têm forças vão cozendo amiúde, como é o caso da tia Esperança Palas, de 57 anos, da Fradizela, Mirandela, que raramente compra pão, porque chega a cozer duas ou três vezes por mês ou mais, dependendo da época.
Então, quisemos saber como é que ela aprendeu a fazer o pão.
“- Aprendi a fazer pão quando era garota, porque a minha mãe cozia frequentemente, então, eu mostrava muito interesse por essas coisas, sempre me despertou mais do que as minhas irmãs. Eu ia com a minha mãe cozer no único forno comunitário da nossa aldeia, em Ervideira, Mirandela. A minha mãe cozia muito, não só para nós, para a família, mas para as pessoas que não sabiam cozer. Como tive sempre interesse em aprender ia regularmente com ela para o forno e via os processos todos. Até que um dia, ainda nem na escola primária andava, pedi-lhe que me deixasse fazer a massa, mas como eu era muito pequenina, não me queria deixar, porque tinha medo que estragasse a farinha. Estava lá uma tia minha ao meu lado e disse-lhe: deixa lá fazer a massa à garota, se ficar mal, para a próxima fica melhor, assim também aprende. Entretanto a minha mãe lá se resolveu a deixar-me fazer a massa, mas com bastante custo, pois tem de se ter muita força, o que eu na altura não tinha, mas lá fiz a massa. Depois no resto do processo já não me deixou fazer, porque é mais complexo. A partir daí o meu interesse foi maior, ia sempre e acabei por aprender tudo.
Quando me casei vim viver para a Fradizela, Mirandela, mandei logo fazer um forno e tenho cozido sempre. Faço pão de centeio, trigo, folares, faço qualquer tipo de pão.”
Aproveitei e perguntei-lhe quais são as várias etapas para a confeção do pão e que tipo de farinha usa.
“-A minha farinha preferida é a da moagem de Bragança, porque para mim é da melhor farinha que há, é boa, eu adoro essa farinha. No dia anterior faço o fermento, com um bocadinho de fermento de padeiro, com água e farinha, faço uma bolinha e deixo levedar até ao dia seguinte. No dia seguinte aqueço a água para a massa, coloco a farinha na masseira, ponho o fermento, o sal e a água suficientes para fazer a massa. Como o meu forno é pequeno, só dá para meia saca, faço 10 ou 11 pães de cada vez. Uma saca de farinha de 25 quilos dá-me para cozer duas vezes. Em cada fornada coloco três punhadinhos de sal. A farinha triga tem que ser muito bem batida, ao contrário da centeia. Fica a levedar dentro da masseira cerca de uma hora e meia. Antes de cobrir a massa com uma toalha e dois cobertores, faço três cruzes com a mão em cima da massa e digo: Deus te acrescente, Deus te levede e Deus te ponha o que te falta. Para cada cruz, uma frase destas. Depois de lêvado, corto os pães, sempre envoltos na farinha, dou-lhes três voltinhas e ponho-os no tendal. Entretanto acendo o forno. Este processo demora mais o menos uma hora até ir ao forno. Quando o pão já está no forno rezo uma oração: cresça o pão no forno, paz pelo mundo todo e a saúde em casa de seu dono. Em louvor de Deus e da Virgem Maria um Pai Nosso e uma Avé Maria. Ao fim de uma hora e meia no forno retiro-o e, modéstia à parte, o meu pão fica sempre uma delícia, toda a gente gosta.”
E nós ficamos com água na boca com o apetitoso pão da tia Esperança, no final de contas, pão caseiro é outra coisa!
E agora, para terminar, vamos aos aniversariantes da última semana: Alexandre Aleixo (88) Bragança; Manuel Lucas (86) Fiolhoso (Murça); Adérito Pinela (78) Sacoias (Bragança); Prazeres Batista (72) Argemil da Raia (Chaves); Olímpio Alves (70) Vale de Lamas (Bragança); Maria Rodrigues (53) Izeda (Bragança); Magno Santos (50) Grijó de Parada (Bragança); Paulo César (42) Vilarinho de Lomba (Vinhais); Adelina Carneiro (37) Castelo (Alfândega da Fé).

Felicidades para todos!

Tio João

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