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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

ADEUS

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Hoje fui à feira dos Gorazes de Mogadouro, como sempre ia o meu pai e passei na ponte nova de Remondes, por isso republico um texto de memórias escrito há anos para que os atentados ao património não se esqueçam... e os sinais fiquem... porque não nos calamos... nem esquecemos.

Hoje fui-me despedir da ponte de Remondes, como quem se despede de um amigo…das águas fugidias do Sabor… dos remansos e da viagem sem pressa para os lados de Mogadouro.
A velha ponte vai ficar submersa na Barragem que irá domesticar o Sabor. Um longo funeral se segue, de oliveiras, amendoeiras, vinhas… do buxo, das fragas altaneiras… perdemos as memórias…e ficará um lençol azul… sem passado e não sabemos se com futuro. 
Um pássaro azul sobrevoou o rio, num voo picado como quem sabe que em breve vai perder o chão… ficando somente a memória do azul e do voo sem retorno.
A ponte trouxe-a nos olhos… e no coração guardo a beleza dos cinco arcos de volta redonda… o querer dos Távoras que em 1678 uniram as margens do rio mais selvagem de Portugal… e assim quatrocentos anos de História… de paixões… de fazer caminho… de passar para o outro lado… serão somente um longo cemitério de águas mansas… onde uma nova ponte de betão se impõe… sem alma… sem memórias… na pressa da viagem.
Despedi-me da ponte… despedi-me da longa viagem do meu pai a cavalo do macho para a feira dos Gorazes… despedi-me das romãs vermelhas… despedi-me das oliveiras… dos remansos e dos peixes habitantes das correntes… despedi-me e deixei as lágrimas no Sabor!... despedi-me!
… a tarde caía… as asas azuis do guarda rios perderam-se no horizonte!
- Adeus!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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