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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

O PINTOR DA RIA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Conheci-o no matutino: “ O Primeiro de Janeiro”. Mais tarde, tive oportunidade e o prazer, de o visitar, na sua casa, no Porto, onde apreciei magníficos quadros, e assisti, encantado, às derradeiras pinceladas de aguarela, que representava interessante e curioso rincão da Ria de Aveiro.
Daniel Constant, era pintor, mas era, igualmente: jornalista notável e cronista excepcional.
Ganhou celebridade e tornou-se conhecido, por ter usado técnica peculiar e inimitável, que lhe permitia fazer aguarelas magníficas.
Seus lírios, apesar de serem apenas aguadas, disformes e esfumadas, tinham vida, e beleza invulgar, que os tornavam inconfundíveis.
Aprendera a técnica com artistas japoneses, que lhe permitia obter a humidificação do papel, durante o tempo necessário para ultimar a aguarela.
No pincel, apenas existia a tinta, tal qual saia da bisnaga; a água estava no papel, que ficava de molho a noite inteira, mergulhado numa solução, cuja formula nunca me revelou.
Numa tarde quente de Maio, teve a amabilidade de me receber, na sua bela residência. Na ocasião, interroguei-o: -” Por que não expõe no estrangeiro?!; em Paris, por exemplo, como fizeram, e ainda fazem, os artistas de nomeada?!”
Encarou-me de frente, sorrindo, e respondeu-me deste jeito: - “ Se fosse mais jovem, talvez; agora: não! Os quadros vendem-se facilmente e por bom preço, mesmo sem sair da minha cidade…”
Nasceu o artista, em Matosinhos, no ano de 1907; mas desde os seis anos, conviveu com a Ria, por ter vivido em S. Jacinto. Dai a paixão pela Ria e pelos barcos moliceiros.
Em 11 de Junho de 1992, foi homenageado pela Câmara Municipal de Ovar. Informaram-no que seria atribuído, o seu nome, a rua da cidade.
Daniel Constant, viveu no Porto, na Rua do Bolhão, na companhia da esposa, a Senhora D. Adelina Conceição Ludovico Constant.
Como a mulher era algarvia, passava o tempo de férias, junto do Promontório de Sagres, onde possuía casa.
Com ele iam as sobrinhas. - O aguarelista gostava de se divertir com as crianças: contava-lhes histórias e jogavam jogos tradicionais.
Diante do mar azul e imenso: pintava, pescava e passeava, com a mulher. Deste modo decorriam, de jeito simples, as férias algarvias.
Como jornalista do periódico: “ O Primeiro de Janeiro”, foi encarregado, durante anos, da secção: “ Turismo & Gastronomia”.
Era excelente cozinheiro e autor de vários livros de culinária. Chegou a cozinhar, na residência de amigo, saboroso almoço, para o Senhor D. Duarte, pai do actual Duque de Bragança.
Normalmente exponha, periodicamente, na cidade do Porto; em regra, na galeria do jornal onde trabalhava.
As aguarelas, de rara beleza, “ voavam” em poucos dias; e eram disputadíssimas pelos mais conhecidos coleccionadores de Arte.
Os temas retratados eram quase sempre: flores, Aveiro e a formosa Ria. Ricos em cambiantes, largas pinceladas, de luminosidade fascinante, que a todos encantava.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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