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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Adágios sobre a caça e diversos animais

“A caça é uma das mais antigas atividades do ser humano para a sua sobrevivência.

 
Embora sabe-se que a linhagem de hominídeos que deu origem aos humanos modernos eram omnívoros, é provável que a caça só se tenha tornado uma atividade importante a partir do género Homo.

Isso teria sido determinante no desenvolvimento do senso de colaboração entre humanos, bem como no desenvolvimento de ferramentas.

A caça de subsistência ainda é praticada por comunidades indígenas ou de regiões mais isoladas do globo.

Em sociedades agricultoras, a caça envolve uma dupla relação de familiaridade e amizade com os animais domésticos e de hostilidade e agressividade com o mundo selvagem e misterioso.

A caça como elemento cultural de uma sociedade faz parte da idiossincrasia dos habitantes rurais, que se transmite de pais para filhos.” 1

Sobre esta atividade humana, aqui deixamos um conjunto diversificado de adágios:

» No tempo das perdizes, tanto mentes quanto dizes.
» Para caçar, calar.
» Nem moça boa na praça nem homem mau na caça.
» Oficial que vai à caça, não há mercê que Deus lhe faça.
» Mal haja o caçador doido que gasta a vida com um pássaro.
» Quem muito pula pouco caça.
» A caça sai só aos inocentes.
» Quem quer caçar não diz xó.
» Quem porfia mata caça.
» Se caçares não te gabes; se não caçares, não te enfades.
» Para caçador velho, cão velho.
» O caçador de lebres tem que ser coxo.
» Mulher de mercador que fia, escrivão que pergunta o dia, oficial que não vai à caça – não há mercê que Deus lhe faça.
» Quem em caça, política, guerra e amores se meter, não sairá quando quiser.
» A caçar e a comer não te fies no prazer.

E a guerra…

» Guerra, caça e amores, por um prazer cem dores.
» A ir à guerra e a caçar não se deve aconselhar.
» Enquanto uns batem o souto, outros apanham a caça.
» Não é regra certa caçar com besta.
» Se queres cão de caça, procura-o pela raça.
» Mulher e cão de caça, procurai-os pela raça.
» Cão de boa raça, se não caça hoje, amanhã caça.
» A galgo velho deita-lhe lebre e não coelho.
» Galgo que muitas lebres levanta, nenhuma mata.
» O galgo à la larga a lebre mata.
» Em Janeiro nem galgo lebreiro nem açor perdigueiro.
» De Viseu quero o cão para coelho, e não o homem para conselho.
» Ainda que teu sabujo é manso, não o mordas no beiço.
» Amor de mulher e amor de cão nada valem se nada lhe dão.
» A quem não sobeja pão não crie cão.
» Em Maio o rafeiro é galgo.
» De Baião, nem homem nem cão.
» Cão que muito ladra não é bom para caçar.
» Cão que lobos mata, lobos o matam.
» O cão no osso e a cadela no lombo.
» Cão que muito lambe tira o sangue.
» O cão velho quando ladra dá conselho.
» Cão azeiteiro nunca bom conselheiro.
» Cão com raiva morde o seu dono.
» Cão bom nunca ladra em falso.
» Quem quer cão tenha pão.
» Cão bom até à morte dá o rabo.
» Se queres que te siga o cão, dá-lhe pão.
» A sebe dura três anos, o cão três sebes, o cavalo três cães, o homem três cavalos, o corvo três homens e o elefante três corvos.

Cão que ladra ou não ladra…

» Cão que não ladra, guarda dele.
» Cão que ladra não morde.
» Cuidado com o homem que não fala e com o cão que não ladra.
» Não fiar de cão que manqueja.
» Quem quer caça vai à praça.
» Porfia mata veado e não besteiro cansado.
» Quem porfia mata veado, que não besteiro cansado.
» Feriste o javali, deixará quem seguia e tornará a ti.
» Não caça do coração senão o dono furão.
» A furão cansado tira-lhe o açaime.
» Fome de caçador e sede de pescador.
» Ler sem entender é caçar sem colher.
» Em Agosto, espingarda ao rosto.
» De má mata nunca boa caça.
» Duma fraca toca nasce um bicho bom.

E o leão?

» O leão não caça pardais.
» Não é tão bom o leão como o pintam.
» Não se entretêm os leões na caça aos tubarões.
» Mais vale ser cabeça de burro que rabo de leão.
» É fraqueza entre ovelhas ser leão.
» A pequeno passarinho, pequeno ninho.
» Quem o pássaro quer matar não o há-de matar.
» A pássaro dormente tarde entra o cibo na venta.
» Agarrem-se os pássaros pelo bico e os homens pela língua.
» Canta cada pássaro conforme o bico que tem.
» Do peixe a pescada, da carne a perdiz.
» Quem a truta come assada e cozida a perdiz não sabe o que faz nem o que diz.
» Das aves boa é a perdiz, mas melhor a codorniz.
» De gaiolas fechadas não saem perdizes.
» Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
» Em Junho, perdigoto como punho.
» Enquanto não é tempo de muda, caçai comigo aos perdigotos.
» Se fores à caça e matares um perdigão, mostra-o ao juiz e dá-o ao escrivão.
» Caça a perdiz com o vento no nariz, e às narcejas pelas costas o vejas.
» Quando a perdiz canta, bom prado tem.

Paulo Caratão Soromenho in “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos

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