Embora sabe-se que a linhagem de hominídeos que deu origem aos humanos modernos eram omnívoros, é provável que a caça só se tenha tornado uma atividade importante a partir do género Homo.
Isso teria sido determinante no desenvolvimento do senso de colaboração entre humanos, bem como no desenvolvimento de ferramentas.
A caça de subsistência ainda é praticada por comunidades indígenas ou de regiões mais isoladas do globo.
Em sociedades agricultoras, a caça envolve uma dupla relação de familiaridade e amizade com os animais domésticos e de hostilidade e agressividade com o mundo selvagem e misterioso.
A caça como elemento cultural de uma sociedade faz parte da idiossincrasia dos habitantes rurais, que se transmite de pais para filhos.” 1
Sobre esta atividade humana, aqui deixamos um conjunto diversificado de adágios:
» Para caçar, calar.
» Nem moça boa na praça nem homem mau na caça.
» Oficial que vai à caça, não há mercê que Deus lhe faça.
» Mal haja o caçador doido que gasta a vida com um pássaro.
» Quem muito pula pouco caça.
» A caça sai só aos inocentes.
» Quem quer caçar não diz xó.
» Quem porfia mata caça.
» Se caçares não te gabes; se não caçares, não te enfades.
» Para caçador velho, cão velho.
» O caçador de lebres tem que ser coxo.
» Mulher de mercador que fia, escrivão que pergunta o dia, oficial que não vai à caça – não há mercê que Deus lhe faça.
» Quem em caça, política, guerra e amores se meter, não sairá quando quiser.
» A caçar e a comer não te fies no prazer.
E a guerra…
» A ir à guerra e a caçar não se deve aconselhar.
» Enquanto uns batem o souto, outros apanham a caça.
» Não é regra certa caçar com besta.
» Se queres cão de caça, procura-o pela raça.
» Mulher e cão de caça, procurai-os pela raça.
» Cão de boa raça, se não caça hoje, amanhã caça.
» A galgo velho deita-lhe lebre e não coelho.
» Galgo que muitas lebres levanta, nenhuma mata.
» O galgo à la larga a lebre mata.
» Em Janeiro nem galgo lebreiro nem açor perdigueiro.
» De Viseu quero o cão para coelho, e não o homem para conselho.
» Ainda que teu sabujo é manso, não o mordas no beiço.
» Amor de mulher e amor de cão nada valem se nada lhe dão.
» A quem não sobeja pão não crie cão.
» Em Maio o rafeiro é galgo.
» De Baião, nem homem nem cão.
» Cão que muito ladra não é bom para caçar.
» Cão que lobos mata, lobos o matam.
» O cão no osso e a cadela no lombo.
» Cão que muito lambe tira o sangue.
» O cão velho quando ladra dá conselho.
» Cão azeiteiro nunca bom conselheiro.
» Cão com raiva morde o seu dono.
» Cão bom nunca ladra em falso.
» Quem quer cão tenha pão.
» Cão bom até à morte dá o rabo.
» Se queres que te siga o cão, dá-lhe pão.
» A sebe dura três anos, o cão três sebes, o cavalo três cães, o homem três cavalos, o corvo três homens e o elefante três corvos.
Cão que ladra ou não ladra…
» Cão que ladra não morde.
» Cuidado com o homem que não fala e com o cão que não ladra.
» Não fiar de cão que manqueja.
» Quem quer caça vai à praça.
» Porfia mata veado e não besteiro cansado.
» Quem porfia mata veado, que não besteiro cansado.
» Feriste o javali, deixará quem seguia e tornará a ti.
» Não caça do coração senão o dono furão.
» A furão cansado tira-lhe o açaime.
» Fome de caçador e sede de pescador.
» Ler sem entender é caçar sem colher.
» Em Agosto, espingarda ao rosto.
» De má mata nunca boa caça.
» Duma fraca toca nasce um bicho bom.
E o leão?
» Não é tão bom o leão como o pintam.
» Não se entretêm os leões na caça aos tubarões.
» Mais vale ser cabeça de burro que rabo de leão.
» É fraqueza entre ovelhas ser leão.
» A pequeno passarinho, pequeno ninho.
» Quem o pássaro quer matar não o há-de matar.
» A pássaro dormente tarde entra o cibo na venta.
» Agarrem-se os pássaros pelo bico e os homens pela língua.
» Canta cada pássaro conforme o bico que tem.
» Do peixe a pescada, da carne a perdiz.
» Quem a truta come assada e cozida a perdiz não sabe o que faz nem o que diz.
» Das aves boa é a perdiz, mas melhor a codorniz.
» De gaiolas fechadas não saem perdizes.
» Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
» Em Junho, perdigoto como punho.
» Enquanto não é tempo de muda, caçai comigo aos perdigotos.
» Se fores à caça e matares um perdigão, mostra-o ao juiz e dá-o ao escrivão.
» Caça a perdiz com o vento no nariz, e às narcejas pelas costas o vejas.
» Quando a perdiz canta, bom prado tem.
Paulo Caratão Soromenho in “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos
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