O mosteiro de Santa Maria de Moreruela, da ordem de S. Bernardo (Cister) , no reino de Leão, actual província da Zamora, Espanha, teve antigamente em Bragança um hospício, ao que se entende, na rua chamada da Moreirola, que dele tomava o nome, corresponde presentemente ao de Moreirinhas.
Eram muitas as propriedades que esse mosteiro tinha no distrito de Bragança, como veremos pelas Inquirições dadas adiante nos documentos.
No actual concelho de Bragança pertenciam-lhe as aldeias de Montesinho com o padroado da igreja, que fundaram em 1238, a de Soutelo da Gamoeda e Carragosa, onde ainda um local do termo conserva o nome de Moreirola. Tempo andando, fez-se nesta aldeia uma comenda da Ordem de Cristo. No de Miranda tinha o padroado da igreja de S.Miguel de Ifanes e Constantim, também depois convertida em comenda da Ordem de Cristo, e igualmente o das de S. Miguel de Palaçoulo, Águas Vivas, Prado Gatão e Angueira, que depois passaram a comendas da Ordem de Cristo.
É natural que fosse nas guerras do tempo do nosso rei D. Afonso V quando Moreirola perdeu os bens que tinha na nossa região(524). As Inquirições de D. Afonso III, que adiante inserimos, apontam várias propriedades que este mosteiro tinha na região bragançana. Sobre o assunto ver o documento n.º 59.
D. Rodrigo da Cunha(525) fala-nos da composição feita em Novembro de 1237 entre o arcebispo de Braga, D. Silvestre Godinho, e o abade deste mosteiro relativa à terceira parte dos dízimos da igreja de Ifanes, concelho de Miranda do Douro.
Em Janeiro da era de 1249 (ano de Cristo de 1211) doou o rei D. Sancho I a Herberto, abade de Moreirola, o seu reguengo de Ifanes e Constantim em terra de Miranda, com encargo de um aniversário por sua alma(526).
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(524) BORGES – Descrição Topográfica…, notícia 9.ª, «Hospicios».
(525) CUNHA, Rodrigo da – História Eclesiástica dos Arcebispos de Braga, parte II, cap. XXV.
(526) Doações de D. Afonso III, livro II, p. 15, e também no Livro II de Além-Douro, p. 157, in VASCONCELOS, J. Leite de – Estudos de Filologia Mirandesa, vol. II, p. 229, onde vem o documento transcrito na íntegra.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA
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