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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

NÃO SÃO SÓ OS CÉREBROS QUE EMIGRAM

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Não passaram muitos anos que reformei a minha casa. Nessa ocasião contactei vários construtores; confrontei preços e assentei entregar a obra a empresa que me pareceu ser a melhor opção – em preço e qualidade.
No dia aprazado, compareceu o encarregado com mancebo de vinte anos. Era o aprendiz.
Como estava reformado, presenciei durante dois longos meses, a reparação, e fui metendo conversa com operários, mormente o encarregado, homem simpático e afável.
Conheci que trabalhava desde os catorze anos; mas de catraio ajudava o pai na lida, em biscates, nos fins-de-semana.
Revelou-me, ainda: como amigo de saber, observara os oficiais, e aos poucos conheceu os segredos da canalização, carpintaria e pintura:
- "Hoje não é assim (continuou). O Moço que trago iniciou-se aos dezoito anos no comercio, e só dois anos depois é que entrou na arte. Nada conhece... nem massa sabe fazer! Ganha quase tanto como eu!...Sobem o salário mínimo, mas esquecem-se de aumentar aos mestres. É bom moço: sabe línguas e lê como um professor... – Concluiu.
Noutra ocasião desabafou: "pretendo estabelecer-me, mas preciso de capital!...Com o que ganho é difícil..."
A obra foi dada por concluída, mas fiquei com o número do seu telefone, para futuros biscates.
Durante anos foi-me utilíssimo. Por tudo e por nada, chamava o Júlio. Não era pontual, mas tudo consertava.
Certa vez ao telefonar-lhe para reparar a persiana do quarto, respondeu-me da Bélgica. Emigrara para poder realizar seu sonho.
Não são só os cérebros que emigram. São os bons operários, os mestres, que trabalharam desde criança, e por não terem sido reconhecidos, partem em busca de melhor vida e esperança de velhice confortável e digna.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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