O mirandês é a segunda língua oficial portuguesa, mas não tem manuais escolares. Um instrumento essencial para a aprendizagem da língua. Por isso, foi feito um estudo, entre o agrupamento de escolas de Miranda do Douro e a Associação da Língua e Cultura Mirandesa, no âmbito do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes de onde surgiram maquetes para a criação de dois livros.
“Desse estudo saíram duas maquetes, uma para o primeiro e segundo ano de escolaridade, um manual com unidades didácticas todas sequenciadas, e um segundo manual, para os terceiro e quarto anos, também em maquete. Estes manuais vão chamar-se Cachapim e o nome foi inspirado numa ave que se encontra nas Terras de Miranda e que se caracteriza por ser curiosa e irrequieta tal como as crianças”, explicou a técnica da CIM, Elisabete Afonso.
70% dos alunos do agrupamento de escolas de Miranda do Douro estão aprender mirandês, no entanto apenas dois docentes leccionam a disciplina. Além da falta de manuais, também a falta de professores é problema, assume o director do agrupamento António Santos.
“Claro que o ideal seria aumentar este número de professores, seria criar um grupo docente da língua mirandesa, que não temos. O ideal seria equipará-la ao ensino das outras línguas e especificar o ensino por ciclos, que é algo que não temos”, disse.
António Santos espera que com a criação dos manuais mais professores queiram leccionar a língua e espera que em breve arranque uma formação na área.
“Está já protocolado entre o Ministério da Educação, a Universidade de Coimbra, o município de Miranda e o agrupamento de escolas uma formação de professores, infelizmente que se arrastado no tempo, esperemos que brevemente possa acontecer para que mais gente possa estar habilitada para leccionar o mirandês e nessa altura utilizando os manuais que é uma ferramenta importante”, referiu.
O Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar acabou a 20 de Junho. Agora a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes aguarda a abertura de candidaturas da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte para avançar com a realização dos livros.
Recentemente um estudo da Universidade de Vigo concluiu que se nada for feito a língua mirandesa pode desaparecer dentro de 20 anos.
O mirandês foi considerado a segunda língua oficial portuguesa em 1999. Aguarda a ratificação da carta das línguas minoritárias.
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