A gestão tem vindo a ser feita pela Direcção Regional de Cultura do Norte, mas o Ministério da Cultura anunciou na semana passada que iria ser feita uma reorganização dos museus. O director do Museu do Abade Baçal e Domus Municipalis, Jorge da Costa, critica esta alteração e acredita que os equipamentos vão cair no esquecimento.
“Vão desaparecer do mapa. Eu vejo isto como uma despromoção, porque foram tidos em conta critérios que não correspondem à verdade destes museus. O Museu Abade Baçal, para além de não ser um museu local, as suas colecções são sobretudo regionais, nacionais e internacionais e, portanto, isto não pode ser olhado desta maneira. Para além disso tem também nas suas colecções verdadeiros tesouros nacionais, tem peças que fazem parte do Património Imaterial da Humanidade”, salientou.
O Museu Terra de Miranda é gerido por uma entidade orgânica que gere também a Sé de Miranda. Com esta nova reorganização, estes dois equipamentos vão ficar divididos. A partir de Janeiro do próximo ano, será o município a suportar os custos. Para a directora do museu, Celina Pinto, esta alteração não faz qualquer sentido.
“Se vamos municipalizar os museus, os museus vão começar a reivindicar as suas colecções. A Terra de Miranda fica neste momento no completo abandono de poder central, porque esta unidade orgânica era das poucas ainda que estavam sob alçada do Estado. É a única instituição museológica neste território e se passamos para o poder municipal somos despromovidos. Qual é o caracter que pode vincular se o património é de âmbito nacional ou não? É o facto de estar mais no interior? É isso que caracteriza não ser um museu nacional?”.
Os directores do Museu Abade Baçal e do Museu Terra de Miranda acreditam que esta é mais uma forma de distanciar o interior do litoral, já que os equipamentos que continuam a ser geridos pelo Governo estão no litoral. O município de Miranda também já se mostrou contra esta mudança. O vereador, Vítor Bernardo, considera que em causa estão as receitas geradas.
“O Governo nunca falou com a autarquia acerca deste assunto e o executivo não vai aceitar a gestão este equipamento cultural, porque nos parece que é ao Estado que pertence fazer fluir a cultura aos cidadãos. Também tem a ver com os equipamentos que geram mais receita. Se reparar, tudo que foi redireccionado fica fora de Lisboa e Vale do Tejo, não há nenhum museu em Lisboa que tencionem passa-lo para o município”, frisou.
A câmara de Bragança também se junta ao protesto. O presidente, Hernâni Dias, considera que o Governo só olha para os equipamentos que estão no litoral, uma vez que dão lucro.
"Não concordamos com esta situação, achamos que esta desclassificação dos vários monumentos e equipamentos culturais do território são uma afronta a todos os transmontanos ao percebermos que o Governo continua com uma tendência centralista da forma como tem olhado para o território. Afirmaria mesmo que para este Governo do Partido Socialista a coesão territorial é apenas letra morta na hora das decisões", afirmou.
O ministro da Cultura anunciou que a partir de 1 de Janeiro a Direcção-geral da Cultura se irá dividir em duas entidades, a Museus e Monumentos de Portugal, com sede em Lisboa, e o Instituto Público Património Cultural, com sede no Porto. O Museu Abade Baçal, a Domus Municipalis de Bragança e o Museu Terra de Miranda podem passar a ser geridos pelos municípios. Os directores já estão a elaborar um documento de protesto, para impedir que tal aconteça.
Sem comentários:
Enviar um comentário