O mosteiro de S. Martinho da Castanheira, junto ao Lago, em terra de Sanábria, Espanha, pertencente à Ordem de Cister, teve dentro dos muros da cidadela, em Bragança, um Hospício. Ficava detrás da matriz de Santa Maria em umas casas que em 1721 chamavam da Parreira.
Em 1230, trocaram os monges estas casas com Fernando Moniz e sua mulher D. Lobo por umas propriedades em Fonte Arcada, termo da cidade, para onde passaram o Hospício.
O mosteiro de S. Martinho da Castanheira teve em terra de Miranda muitas propriedades, como mostraremos nos documentos adiante insertos.
Pertencia-lhe metade das aldeias de S. Joanico, Caçarelhos, Genísio, Especiosa e toda a de S. Martinho de Angueira, na qual apresentavam justiças, e era seu o padroado da igreja. Desta aldeia fizeram doação ao rei D. Dinis, em 8 de Março de 1327, da era de César, como declara Borges (516) baseado numa certidão que do acto lhe foi dada da Torre do Tombo, «reservando para si o padroado da egreja, dous moinhos e herdades que hoje (1721) chamão Quintana».
Ultimamente passou este benefício a ser apresentado pela mitra juris devolutionis, talvez porque as guerras com Castela fizessem esquecer ou perder aquele direito.
No concelho de Bragança pertencia-lhe, além de outros bens, metade dos dízimos da aldeia de Vila Meã em que também apresentava justiças, direito que perdeu antes de 1721,
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(516) VITERBO – Elucidário, artigo «Padeliças».
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bem como os dízimos que passaram a uma comenda da Ordem de Cristo (517).
Em 1356 deu este mosteiro, por quinze anos, todos os seus que tinha «em S.Martinho de Angueira de Miranda, e em França, e Aveleda de Bragança, com todos os seus Foros, e padeliças» (pastagens) a Estêvão Pires, de Bragança, em conta do que lhe devia (518). Viterbo fala ainda de uma doação em Vilar de Ossos, hoje concelho de Vinhais, feita a este mosteiro em 1159 por Fernando Godiniz (519).
No artigo «Pobramento», diz o mesmo Viterbo que os Figueiredos, de Bragança, compraram ao mosteiro de S. Martinho da Castanheira a maior parte dos bens que tinha em Portugal.
Entendemos que essa compra a fez antes de 1721 José Cardoso Borges, sargento-mor da cidade de Bragança, escrivão da câmara municipal da mesma cidade, instituidor, juntamente com sua mulher D. Clara Maria de Figueiredo Sarmento, filha do governador da mesma cidade António de Figueiredo Sarmento, em 5 de Novembro de 1706 de um vínculo de morgadio (520).
Na era de 1255 (ano de Cristo 1217), tercio nonas Januarii, é que Pelágio Fernandes, filho de Fernando Feio, e sua mulher D. Velasquita, fizeram doação ao mosteiro de S. Martinho da Castanheira da metade das aldeias de S. Joanico, Caçarelhos e Genísio (521).
Em Dezembro da era de 1271 (ano de Cristo 1233) doou João Rodrigues de Freire a este mosteiro a sua herdade de Vale de Espinho, junto a Bragança (522).
Borges (523) cita uma doação feita a este mosteiro por Especiosa Fernandes, de propriedades na região bragançana na era de 1230 (ano de Cristo 1192), regnante rege Sancio in Portugali a rivulo Minio usque in Ebora, Archiepiscopus Bracarensis Martinus, archidiaconus Domnus Egas in Brigancia, abbas Domnus Martinus in Castro de Avelanas.
De propriedades que este mosteiro tinha em Vilar de Ossos,Vila Meã, S. Martinho de Angueira, Bragança, RabaI e Freixedelo falam os documentos que adiante damos (n.os 119 a 127).
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(517) VITERBO – Elucidário, ao tratar da letra X.Ver também no artigo «Pobramento».
(518) VITERBO – Elucidário, artigo «Padeliças».
(519) VITERBO – Elucidário, ao tratar da letra X.Ver também no artigo «Pobramento».
(520) BORGES – Descrição Topográfica…, notícia 13.ª, § 35.º, e notícia 9.ª, «Hospícios».
(521) Ibidem.
(522) Ibidem, notícia «Solar dos Chacins».
(523) Ibidem, notícia 2.ª.
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Do mosteiro cistercense de S.Martinho da Castanheira, cuja fundação alguns alongam ao tempo dos godos, além das Inquirições de D. Afonso III, que daremos na série dos documentos e onde se vê os bens que ele possuía na região bragançana, tratam os seguintes autores: Frei António Yepes, na Cronica da sua ordem; Ambrósio de Morales; Florez, España Sagrada, tomo XVI, págs. 45 e 484; o mesmo nas Rainhas Catholicas, tomo I, pág. 104, e recentemente D. Jesus Requejo y San Roman, Breve Reseña Histórica y Estudio Sociologico-administrativo de la Puebla de Sanabria, 1902, págs. 31 e seguintes.
No Arquivo Histórico Nacional de Madrid, guarda-se o Tombo deste mosteiro, mas a colecção mais interessante que lhe diz respeito é a de Gayangas (D. Pascual), que possui um cartulário escrito no século XIII em setenta e seis fólios de pergaminho, a duas colunas, contendo cento e cinquenta privilégios e escrituras desde o ano de 923 a 1230.
MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA
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