No entanto, apesar da quebra ter sido grande nas primeiras variedades, as seguintes já se apresentam em maior quantidade e melhor qualidade, nomeadamente a longal, revela André Vaz, administrador da Cooperativa Soutos os Cavaleiros, que conta com mais de 400 associados, sendo que destes 95% são da região de Trás-os-Montes:
“Neste momento a qualidade da castanha já subiu bastante, ou seja, já está quase como num ano normal, principalmente a variedade longal, que é autóctone da nossa região e é a que será mais resistente a estas alterações e variações.
Está uma castanha perfeitamente apta para comercialização, para a indústria de transformação.
São castanhas que, neste momento, estão com defeitos na casa dos 20%, o que é uma situação perfeitamente normal.
Em termos de quantidade, a quebra na longal existe mas não é tão acentuada como nas outras variedades.”
No entanto, devido à baixa da qualidade existente nas primeiras variedades, a longal não está a ser bem paga:
A longal está a ir por arrasto com a ideia que há das outras variedades e não está a ser valorizada para a qualidade que tem.
Neste momento a longal está a ser comercializada ao preço que estavam as outras variedades, quando já devia estar a ser paga ao agricultor a um preço substancialmente mais alto.
Está a ser paga entre um euro/um euro e vinte, quando, na nossa opinião, deveria estar perto dos dois euros.”
De acordo com Francisco Pavão, presidente da APPITAD – Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, é necessário determinar todos os fatores que estão a afetar o castanheiro e adaptar as práticas agrícolas:
“Sobretudo não percebemos o que se passou.
Enquanto associação já reunimos com o IPB e com a Direção Regional e estamos na criação de uma task force que permita saber se isto é verdadeiramente um fungo, se é só septoriose, ou se são outras coisas, como alterações climáticas. Isto está generalizado a toda a região, não é localizado, portanto, não pode ser um fungo. Certamente que alguns caso podem ser também de septoriose, mas há muito mais.
Precisamos de ter ao nosso lado tudo aquilo que é investigação nacional no apoio aos agricultores.
No caso da castanha também vamos ter de alterar um conjunto enorme de práticas agrícolas.
Por isso vamos ter de aprender e hoje em dia também já se fala em regadio no castanheiro.”
Quanto à noz, está com graves problemas de comercialização, dá a saber André Vaz:
“Há muita noz a entrar da América do sul, posta na Europa, o que faz com que o preço da noz produzida tenha sofrido uma quebra muito grande e o mercado esteja, como que, estagnado.
Conseguem comprar noz do exterior muito mais barata e há também a questão da China que, neste momento, se afigura, a curto prazo, como um grande produtor de noz.”
Já no que diz respeito à amêndoa, a conjuntura mundial atual está a afetar a comercialização e fez baixar o preço pago ao produtor:
“Houve um aumento de produção relativamente aos anos transatos mas o problema da amêndoa neste momento é o valor que, face às conjunturas do mercado e a nível económico e político, é um valor que está abaixo do expectável nesta campanha.
O quilo do grão foi comercializado cerca de um euro abaixo da campanha passada.”
Um retrato da cultura dos frutos secos na região de Trás-os-Montes, com uma recente melhoria na campanha da castanha e problemas na venda da noz e da amêndoa.
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