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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Mascararte dedicada às personagens femininas e à sua importância na preservação dos rituais

 Um dos principais símbolos da cultura transmontana voltou a sair à rua no passado sábado, dia 25 de novembro, na Bienal Mascararte, cuja 11.ª edição foi dedicada às Personagens Femininas das Mascaradas do distrito de Bragança e da Província de Zamora


O papel da mulher no mundo dos caretos e dos mascarados tem sido um assunto polémico nos tempos que correm. Se no passado estas festividades eram reservadas aos homens, agora, as populações começaram a introduzir algumas mudanças nos rituais para os manter vivos, pelo que as mulheres começam a ocupar um lugar de destaque e a participarem ativamente nas tradições.

No caso dos Caretos de Salsas, que participaram no desfile da Bienal Mascararte, manda a tradição que os caretos se juntem e entrem de rompante nas casas a chocalhar as raparigas, onde aproveitam para roubar o fumeiro e fazer umas traquinices, como explica Filipe Caldas. “A nossa tradição é nos Reis. Os caretos de Salsas saem do dia 1 ao dia 5 de Janeiro. Entram em casa das pessoas, chocalham as meninas, roubam o fumeiro e no dia 6 retiram as máscaras e vão fazer o peditório das almas com os mordomos”.

Se em Salsas a vinda das mulheres para estas tradições ainda é recente, no caso dos Caretos de Grijó, já há bastantes ‘caretas, como explica Elisabete Geraldes, presidente da Junta de Freguesia local. “Eles têm uma bota e bebem vinho pela tradicional bota. Eles e elas. Há bastantes caretas já”.

Estando a temática da emancipação feminina no mundo dos mascarados presente na 11ª edição da Mascararte, António Tiza, autor e investigador transmontano explica que até há bem pouco tempo o papel do careto era somente assumido pelos rapazes, mas o panorama tem vindo a alterar-se, sendo o resultado da evolução dos tempos e das tradições. “Isto é o resultado da evolução das tradições. Ao longo do tempo, tempo esse que se traduz em séculos e em milénios, isto evoluiu. O que hoje se faz nas Festas de Inverno não é seguramente o que se fazia há 100 ou 200 anos atrás. Esta mudança e esta assunção do papel por parte da mulher é outro elemento dessa evolução e a mim não me choca nada, antes pelo contrário. A mulher pode também assumir este papel festivo em pé de igualdade com os rapazes”.

Até então, figuras como a Filandorra, a Madame ou a Velha apesar de representarem a mulher, eram também encenadas por homens e rapazes, que caricaturavam a figura feminina. “Estas figuras femininas nas Festas de Inverno quase sempre representaram a fertilidade. Sendo que algumas delas trazem já ao colo um bebé representando. Outras caricaturavam a figuras das mulheres mais velhas”.

Fernanda Silva, vereadora do município de Bragança, explica que a Bienal Mascararte representa a preservação e a divulgação de uma tradição e de uma marca identitária do território que é comum a todo o distrito de Bragança. “Tentamos ligar esta tradição a outras linguagens artísticas, nomeadamente a reinvenção e à recriação com elementos contemporâneos, porque o próprio nome assim o indica”.

A vereadora brigantina considera, ainda, a edição deste ano provocadora relativamente à forma como se devem preservar as tradições e qual é o papel da mulher nesta divulgação e na continuidade destes rituais das Festas de Inverno. “Procuramos também dar aqui uma relevância àquilo que as mulheres têm feito, nomeadamente ao nível do artesanato ligado à confeção da máscaras, mas também à elaboração dos próprios fatos dos caretos”.

Com esta edição da Bienal Mascararte, a Câmara Municipal de Bragança pretendeu também destacar o empreendedorismo cultural e criativo, realçando o papel dos artesãos e de projetos diferenciadores e aglutinadores.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Daniela Parente

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