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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Samões, em Vila Flor: a aldeia que quer saber envelhecer

 Pela dignidade da pessoa mais velha, estudantes universitários, técnicos, forças vivas locais, reúnem-se esta semana e partilham ideias em Samões, concelho de Vila Flor, distrito de Bragança. Uma Academia de Direitos Humanos, numa aldeia envelhecida que… quer saber envelhecer. Conversa com Ana Correia, presidente da Associação Transmontana Pelo Desenvolvimento (ATPD).

Gerardo Santos / Global Imagens (arquivo)

Ana Correia, o que é que vai acontecer a partir desta segunda-feira?

Bem, a ATPS, Associação Transmontana Pelo Desenvolvimento, vai implementar em Samões uma Academia dos Direitos Humanos, que é um projeto que a associação tem e que envolve jovens universitários. É um modelo misto de escola, investigação, partilha, aprendizagem e que vai levar a Samões, que é uma aldeia no Concelho de Vila Flor, 11 jovens universitários e três professores universitários, mais a equipa toda da ATPD, que também vai estar envolvida. Esta Academia, em particular, tem o tema Aldeia que Sabem Envelhecer, portanto, o tema central é o envelhecimento.

Porque a aldeia em si é uma aldeia envelhecida.

Em Trás-os-Montes temos concelhos envelhecidos, sim, a aldeia é uma aldeia envelhecida. O índice de envelhecimento, portanto, o número de idosos por 100 jovens em Portugal, em 2021, estava em 182, em Vila Flor estava em 400. 35% da população residente em mais de 65 anos. Portanto, nós temos um concelho de Vila flor com cerca de 6000 habitantes. Samões é uma aldeia que tem 300 e pouco e, portanto, é uma aldeia envelhecidas, sim.

E a ideia é provocar, de alguma forma, interação entre estes jovens universitários e essa população mais envelhecida?

Sim. Em relação aos jovens, é sensibilizar e pô-los a pensar e participar. Em relação à comunidade em si, é tentar dinamizar ferramentas para contribuirmos de alguma forma para o conhecimento local. O objetivo desta Academia consiste em quatro focos essenciais: a dignidade da pessoa mais velha (a questão de conceitos, como respeito, partilha do espaço, intimidade); a questão da informação para permitir a tomada de consciência das decisões de forma consciente; uma educação não formal (aquela questão que podemos contribuir para a preparação da habitação, a criação de redes de contacto ou preparar o envelhecer, isto tudo com foco em termos de conceitos, já que o que nós defendemos é um bocadinho o envelhecer na Comunidade e, portanto, promover esse envelhecimento ou as academias). O objetivo final é um relatório que os alunos depois desenvolvem connosco e que depois é partilhado a todos os atores locais. Nós vamos ter participação de vários atores locais que têm estado a contribuir e que irão contribuir nesta semana da Academia. Mas o objetivo final é esse relatório com algumas sugestões ou medidas do que podemos contribuir para a realidade local.


Que passam, por exemplo, por adaptar a comunidade às necessidades das pessoas, adaptar as habitações às necessidades das pessoas?

Sim, passa por isso, pode passar por, por exemplo, uma rede de voluntariado, pode passar por várias coisas. Quanto à questão das habitações, e sem grandes encargos já que temos pessoas com diferentes capacidades financeiras, há pequenas medidas que poderemos começar a implementar e depois aquela comunidade como um todo. Há uma aldeia em Espanha, que até uma passadeira colorida tem, que faz a união entre os pontos-chave da aldeia. Uma passadeira antiderrapante, que permite às pessoas com alguma dificuldade terem orientação devida. Portanto, são pequenas medidas que poderemos sugerir, e é isso que pretendemos que a Academia promova, sim.

Obviamente que quanto a essas propostas, quem poderá dar resposta são os governos locais, as autarquias. Têm tido sensibilidade da parte da autarquia de Vila Flor para esta vossa iniciativa?

Sim, nós tivemos apoio, tivemos e estamos a ter. Toda a Academia é dinamizada em parceria com a autarquia. Toda a logística tem sido disponibilizada por eles e os técnicos têm estado sempre mobilizados por nós. Na terça-feira, no dia 10, temos uma sessão aberta à Comunidade com os órgãos locais. Temos um representante da GNR, temos representantes da Câmara, psicólogos, enfermeiros, a socióloga e, portanto, temos tido sempre uma abertura grande e é uma temática que eu acho que as autarquias, neste caso a Câmara de Vila flor é sensível, com as dificuldades que todos sabemos (que existem) para implementar algumas medidas; algumas que nos parecem mais simples, que poderemos até nós, como associação, ajudar a implementar; as outras exigem uma visão mais global até do Governo central.

Ricardo Alexandre

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