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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 10 de setembro de 2011

“Portugal é uma treta!”

Luís Pereira
Penso que se não tivesse uma esperança de transformação, a minha existência seria impossível, tendo em consideração a agitação com que os deuses enfermaram esta minha personalidade.
Recuso-me a acreditar na hecatombe de um país com mais de oito séculos de história, mas a cada dia que passa constrói-se no meu ser uma espécie de revolução interior que me faz pensar que a Batalha de São Mamede foi um triste acidente na história da Península Ibérica e que o D. Afonso Henriques é o único responsável pela situação a que chegou Portugal. Será isto o princípio da minha adesão aos conceitos do Iberismo?
A geografia das pilhagens e das conquistas desse tempo são as únicas acções responsáveis pela construção e consolidação sucessiva de um rectângulo cujos limites se desenharam à custa de muitas chacinas e de muitos mouros degolados.
Tudo isto a que chamamos Portugal, no panorama da história, se foi erigindo com feição real e alegórica, e século após século se foi sobrepondo num cenário de fantásticos feitos que fecundaram um místico reino caracterizado por uma beata moral, a tal moral geradora do encanto e da beleza da nossa ilustríssima lenda.
Uma lenda encantada que monta os mares em cima de Barca, de Barinel, de Nau ou de Caravela.Portugal é isso: uma lenda, uma eterna fantasia!
Uma lenda absurda e passadista onde se movem os reis com um só olho, as bruxas de vassoura em riste, corujas de pio agoirento, duendes malabaristas e gnomos “pinóquianos”. Também existem os eunucos, aqueles eunucos pérfidos e venais que o Zeca tão bem retratou num jorro de poesia.
Os outros são figurantes, milhões de figurantes, com o comportamento de personagens de banda desenhada e que de quatro em quatro anos se animam num automatismo imagético, ao preencherem com opinião o universo das sondagens, e ao colocarem a cruzinha no boletim de voto com um certo brilhozinho nos olhos.
A estes, sempre dispostos a acreditar e a ter uma inesgotável esperança, eu chamo de cidadãos e de eleitores, os meus verdadeiros compatriotas.
“Portugal é uma treta!”.Ouvi isto dizer a um jovem calmamente sentado numa mesa de café, mas com uma convicção tão profunda que acabou por me perturbar. E confesso que no sopro da emotividade com que a expressão foi sacudida, me decidi a concordar momentaneamente com ele. Por isso escrevi este texto.
Efectivamente Portugal é isto que nós temos, e não é preciso mais qualificações! A actual realidade de Portugal é um mau adjectivo por inerência com a sua história. Uma metáfora arcaica e sem evolução. Um país de treta, com responsáveis de treta e com governantes de treta.
Este foi e parece continuar a ser o reino da demagogia, do salve-se quem puder, das clientelas sem escrúpulos, do desmazelo social, das elites bota-de-elástico; o país da cunha, do tráfico de influências, dos tachos, dos tachinho e dos tachões; da fuga aos impostos, da justiça lenta, da má educação, da falta de civismo e de um grotesco comportamento de rico numa lamentável república de “pé descalço”.
É um país onde impera a corrupção, a mentira, a fobia do défice orçamental, a ignorância, a preguiça, o parasitismo, a mediocridade, o facilitismo e agora o Partido Socialista. É um pais à deriva e com muita pouca esperança.
Portugal é um barco sem rumo, sem tripulação e sem timoneiro capaz de perceber que o quadrante marcado pelo astrolábio do Terreiro do Paço está errado e que assim jamais nos conseguiremos afastar do dúbio turbilhão das “estrelas” que no passado, tal como no presente, nunca nos souberam apontar o futuro.


LUIS PEREIRA , É autor de mais de uma dezena de artigos científicos e de várias publicações em livro sobre a temática do património. Exerce a escrita jornalística frequentemente desde os tempos de estudante universitário, como complemento cívico e da sua acção cultural. Dirigiu a revista literária Íncubo (Porto:1992) e é actualmente director e editor do Notícias do Nordeste.

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