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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A lenda da caveira

Local: Vila Flor - Bragança


Contam os mais antigos que, no tempo da guerra da Patuleia, o concelho de Vila Flor esteve a ferro e fogo. As esperas, os enforcamentos e fuzilamentos eram constantes. 
Havia então um morador, de nome António, pessoa instruída e bem-falante, que costumava falar às pessoas do cimo de patins e que era contrário aos que mandavam na vila. Por isso, logo foi considerado inimigo perigoso e julgado à revelia num tribunal de pé descalço, dizem que formado atrás duma parede. 
O homem, sabendo que o procuravam guerrilheiros armados de arcabuzes, refugiou-se na serra do Facho, alimentando-se do que a Natureza lhe dava. O local é hoje assinalado pelo povo como o “Refúgio do António”, e perto dele situa-se a capelinha de Nossa Senhora da Lapa onde ia rezar todos os dias. 
Numa certa noite, em que os guerrilheiros, com archotes e muitos cães, rebuscavam todos os cantos da serra, o fugitivo escondeu-se no fundo de uma toca, onde os animais o foram descobrir. Pôs-se então a matilha a ladrar e os perseguidores a gritar: 
— Está ali o folião, suga cão! Está o folião, suga cão! 
Conta-se que nesse momento o António evocou Nossa Senhora da Lapa, dizendo: 
— Nossa Senhora da Lapa, não deixeis que levem a minha cabeça! Antes vo-la prometo por morte! 
Nesse momento, os cães pararam de ladrar e seguiram adiante, farejando outros esconderijos. E os perseguidores foram atrás. 
Passados os anos, e quando a paz voltou a estas terras, o António, já velhinho, tratou de cumprir a promessa. Em segredo, pediu ao coveiro da vila, o “Crido”, de quem muitos ainda se lembram, que após a sua morte levantasse a ossada do coval e colocasse a caveira no altar da Senhora da Lapa. Foi o que fez, e ela lá está como símbolo de fé e testemunha dos seus milagres.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2010 , p.271

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