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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Antiga Freguesia da Sé - Caracterização

Constituindo a metade ocidental da brigantina urbe, esta freguesia da Sé consagra-se como a mais populosa do concelho, com seus 12770 Eleitores ou 16594 habitantes. De facto, tem sido em particular para esta área paroquial que o tecido urbano mais contínua e densamente se estendeu, proporcionando-se as condições topográficas e viárias adequadas.
Assente sobre duas colinas de certa amplitude, à margem norte do pequeno Rio Fervença, a actual Cidade de Bragança tem expandido os seus arrabaldes num considerável perímetro, tutelado do flanco meridional (e da outra banda do referido curso de água) pelo altaneiro monte de S. Bartolomeu (a partir do qual se obtém magnífica panorâmica de todo o conjunto da urbe).
“ Tanto o Abade de Baçal como o Coronel Albino Pereira Lopo nos indicam a existência do Cabeço de S. Bartolomeu e no Cabeço da Cidade, em princípios deste século, de alguns restos de fortificação castreja luso-romana ou céltica, hoje já totalmente desaparecidos” (J. Jacob).
Neste último morro, dito vulgarmente “ da Cidade”, oposto ao da cidadela e castelo que lhe fica a nascente, erguia-se outrora uma fortaleza seiscentista, de planta quadrangular e abaluartada – o Forte de S. João de Deus – já em ruínas pelos inícios do século passado. É esta freguesia da Sé de instituição relativamente “recente” já da segunda metade do século XVIII, altura em que se transferiu a sede do bispado de Miranda para Bragança, muito concretamente em 1764.
De execução muito recente (1997 – 99) é o edifício da nova Sé Catedral, projecto grandioso e envolto em alguma polémica, alegadamente devido ao seu “exagerado modernismo”. Os planos primitivos, alvo de posterior reformulação, datam já de 1964, prevendo-se então a inauguração do imóvel para 1967, com objectivo de comemorar os duzentos anos de elevação a diocese.
Valor patrimonial de realce, embora não classificado, é o edifício da antiga Sé, de primitiva traça quinhentista, ao gracioso modo “ renascença”, mas com diversos acrescentos e reformulações dos séc. XVII e XVIII. Mais recente ainda (século XIX?) será a possante e altiva torre sineira que se ergue a um dos flancos. Dos finais do século XVII é um amplo janelão gradeado de sabor barroco, com estruturação maneirista. Aproximadamente da mesma data (1689) é o Cruzeiro da Sé, soberbo trabalho escultórico que pontifica ao centro da já aludida Praça da Sé.
Alçado em posição altaneira na periferia acidental citadina, fica um singelo templete de plantas quadrangulares e graciosa traça setecentista, invocado a Sto. António.
A Igreja de Sta. Clara, de traça renascentista e erguida entre 1596 – 98, é outro valor patrimonial de realce, com seu pórtico principal lateralizado na fachada sul mantendo algumas afinidades com o da Sé. Em termos de arquitectura civil solarenga, a freguesia tem para oferecer á apreciação do visitante diversos exemplares de casas apalaçadas, sobressaindo entre as mesmas o Solar os Calaínhos, armoreado e de austera traça setecentista, bem assim como o Solar dos Sá Vargas, com seu imponente portal nobre de cantaria primorosamente almofadada.
História da Freguesia de São João Baptista da Sé
Transferência da Sede da Diocese de Miranda para Bragança
Em 22 de Agosto de 1556, o Cabido acabou de requerer ao Rei a transladação da Sé para
Bragança, "por causas mui notórias".
No Governo do Bispo Dom Frei Francisco Pereira, natural de Vila franca, morrendo este a 9 de janeiro de 1621 em Miranda, pensou-se muito a sério na transferência para Bragança "por várias razões".
Posteriormente, o bispo Frei João da cruz, disse através de um depoimento ao Papa Bento XIV, a 16 de outubro de 1754, o seguinte: "Miranda é pequena; só nominalmente se pode chamar cidade.
Parece mais um "parasidium" para militares do que para clérigos".
A catedral estava no estremo da diocese, dificultando muito a vida diocesana. A aridez da cidade, o desastre causado em 8 de Maio pelo exército espanhol, reduzindo a ruínas o castelo, matando centenas de pessoas, tudo isto deu oportunidade à transferência da Sé para Bragança Dom Frei Aleixo, de caracter rígido e cioso da sua honre, publicou a 19 de Dezembro, uma provisão que diz: "Porquanto sua Majestade, atendendo ao bem comum de seus vassalos e nossos diocesanos, dispõe que nos mudemos com os nossos reverendos cónegos, e estabeleçam a Sé do Bispado em Bragança".
Dom Aleixo, a 28 de Agosto de 1967, publicou uma provisão ordenando a mudança da paróquia de São João Baptista para a nova paróquia da Sé de Bragança.
Apesar de alguns capitulares discordarem de tal mudança, pois Bragança não possuía um templo que satisfizesse as exigências de uma catedral, Dom Aleixo ordena mais uma vez a transferência.
O terreno de construção seria junto do antigo seminário, cerca do liceu, (ex-Escola Augusto moreno) no entanto os Mirandeses tentaram impedir a sua construção. Em 17 de Fevereiro de 1764, EI-Rei autorizou, por carta régia, a mudança da Sé para Bragança, e o Papa em 1776 confirma tal mudança.
A confirmá-lo transcrevem-se os seguintes documentos: Carta do Bispo D. Aleixo de Miranda Henriques, ao Senado de Bragança.
Mudança da Sé para esta cidade.
1764
Sendo Deus servido dar remédio ao detrimento que este bispado sofreu desde a sua fundação por se haver estabelecido a sua Egreja Cathedral no ultimo logar delle dispoz el rei Nosso Senhor por carta firmada se seureal punho em 17 de Novembro que fosse trasladada a sobredita Egreja para esta nobre cidade que havia dado o titulo ao seu real ducado. E porque devemos render ao mesmo Deus as devidas graças por um benefício tão grande e havemos elegido a Egreja de Santa Maria para esta justa funcção o participamos assim a vossas mercês para o fim de ser com a sua assistência mais solemne o dia de hoje quarta feira pelas duas para as tres horas da tarde. Fr A/eixo, bispo de Bragança 
Autorização da mudança concedida por El-Rei:
Reverendo Bispo de Miranda
Amigo
Eu El-Rei vos envio muito saudar. Sendo-me presente a vossa representação e os inconvenientes que há para se conservar a Egreja Cathedral do vosso bispado na cidade de Miranda, pedindo-me faculdade para se estabelecer na de Bragança por ser mais populosa, abundante e bem provida e estar no centro do mesmo bispado; e attendendo a que a referida cidade de Miranda se acha na mais remota povoação delle e em situação aspera e fragosa e ser o seu terreno pouco fructifero e a outros motivos que me foram presentes: hei por bem conceder-vos licença para que vos mudeis ocomos vossos cónegos para a dita cidade de bragança e estabeleçaes nella a Egreja Cathedral do vosso bispado, pela maior utilidade que resulta desta mudança a toda essa diocese e para que sem tanto incommode possaes cumprir com as obrigações de vosso pastoral officio, vigando sobre o bem espiritual de um tão numeroso rebanho.
Palácio da Nossa Senhora da Ajuda, 17 de Novembro de 1764
Rei D. João I
A Praça da Sé
Na falta de uma designação própria, passou a designar-se por Praça da Sé. No primeiro centenário de Almeida Garrett (18 de Setembro de 1902), deixou de ter o nome de Praça da Sé para se passar a chamar Praça Almeida Garrett. Faz cem anos.
Pelos finais dos anos vinte, o Dr.ª Raul Teixeira manda um ofício à Câmara, no sentido de lhe ser restituído o nome de Praça da Sé, mantendo-se com este nome até aos nossos dias.
Na esquina da Praça fixou-se um painel em azulejo, com a legenda "Praça da Sé".
Monumentos
Cruzeiro Renascença da Praça da Sé
Em 1689, os Jesuítas ergueram um cruzeiro na Praça da Sé, um monumento religioso, pois possui uma cruz encimada. Este monumento esteve feito em bocados, no cemitério público, desde o ano de 1875 ao ano de 1931.
Foi o Presidente da Câmara Municipal, José Carlos Ledesma Pereira de Castro, que o derrubou e fez em bocados, tirando-o da Praça da Sé, apesar do povo de Bragança se mostrar revoltado e impotente diante da força armada, protestando com lágrimas, gritos e berros, chegando a guardar e a beijar os pedacinhos de pedra que iam caindo.
A partir de 1875 os pedaços do cruzeiro ficaram encostados ao muro do cemitério. Em 1905 o Dr.º Raul Teixeira, teve a ideia de mandar construir na Praça um coreto feito a expensas públicas, que serviu durante anos para concertos da Banda da Infantaria 10. Na altura era este o único coreto da cidade.
Posteriormente cria-se o "Grupo de Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança" presidido pelo Abade de Baçal, que redigiu à Câmara Municipal de Bragança, uma representação a favor do cruzeiro. Esta comissão, bastante animada e interessada, mandou reunir todos os pedaços do antigo cruzeiro, recompondo-o e colocando-o numa base de granito, no ano de 1931.
O cruzeiro é uma bela obra do século XVII, um elemento importante do património artístico de Bragança.

in:cm-braganca.pt

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