(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
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É este o mais recente presente que a natureza me ofereceu neste meu pacato viver de aldeão. Chama-se porco-pisco. É um passarinho esverdeado. De papo ruivo e que salta de ramo em ramo na leveza da sua existência. É tão pequeno e saltitante que ainda não consegui registar a sua presença em fotografia. Vejo-o fugazmente, mas o seu cantar é permanente e isso me basta.
- Que pássaro é este que está a cantar?!
Perguntei ao meu vizinho, sabedor das coisas da natureza e dos exemplos de vida.
- Pois o senhor não sabe… coisas tristes… e com Deus não se brinca. É o porco-pisco que uma vez quis brincar com Deus dizendo que tinha mais força que o Criador e podia com o mundo nas suas patas!
Aqui o meu vizinho sorriu da ingenuidade e da gabarolice do porco-pisco.
- Mas Deus manda logo uma grande trovoada e o coitado do porco-pisco gritava desalmadamente:
- Ai Jesus Cristo… que é isto… que as patas do porco-pisco partem como cisco!
- E assim o porco pisco ficou a cantar… ou a dizer isto… para todo o sempre para remissão do seu pecado e para que todos saibam que com Deus não se brinca.
- Coitado do porco pisco!
Disse eu.
O meu vizinho acrescenta abanando solenemente a cabeça:
- Estas coisas têm que se lhe diga!.. e nós não somos nada!
Anoitecia… o porco-pisco calou-se… eu e o meu vizinho retiramos para casa… em silêncio… ainda assombrados… no respeito por Deus e pelas coisas da natureza.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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