A vespa das galhas do castanheiro está a entrar no souto da serra da Padrela e Carrazedo Montenegro, Trás-os-Montes. Embora os Serviços Regionais de Agricultura Entre Douro e Minho tenham detectado pela primeira vez esta praga do castanheiro na região do Minho, esta já tinha sido referenciada em Trás-os-Montes há uns três anos a trás, como referiremos em livro a publicar.
O que aconteceu, alguns doutos de gabinete, como se compadres fossem de certos viveiristas e o que importava era vender pés novos de castanheiro sem saber bem a sua proveniência e o seu estado sanitário. Um dos maiores castanhicultores do Nordeste Alentejano, dizia-me agastado por se julgar ludibriado: «dizem que são resistentes e morrem c’mós outros».
Há duas colheitas a trás o preço da castanha disparou e, em vez de se referir que a subida exagerada do preço do quilo da castanha se devia à falta dela, em Itália e França devido à praga da Vespa das Galhas do Castanheiro, incentivava-se o cultivo dos pés exógenos enxertados com castanha estrangeira de inferior qualidade.
Fui defendendo que se deviam cultivar as nossas variedades mais comercializadas, como a grande «Judia», em Trás-os-Montes; a grande e reboluda «Martaínha» na Beira alta e Centro; a média «Longal» por todo o país da castanha (a nossa melhor castanha em conservação, descasque e sabor); e a pequena «Côta» em Terras de Aguiar (a mais doce e que mais rende nos magustos).
Quando soube que a praga da «Vespa das Galhas do Castanheiro» (Dryocosmus kuriphilus yasumatsu) já se fazia sentir na Catalunha achei que seria ano a trás, ano à frente, e algum camião de viveirista a traria à boleia. E, afinal, já tinha chegado. O que me surpreende em mais esta tragédia sanitária castanhícola foi haver gente que se arroga de grande saber, não querer saber para retardar a entrada da doença. Diz o povo que «vale mais prevenir que remediar» ou importará mais vender pés e mais pés que quem fica com eles, sãos ou doentes, que se avenha.
Para além de alguma literatura explicativa oportuna sobre como reconhecer a doença e comunicá-la às autoridades será o primeiro passo. Mas, curioso, até esta literatura poder ser rentável a quem a produz e a divulga e os problemas maiores ficarão para os esquecidos «homens da terra». Este tema já aqui foi tratado e alertado por mim há algum tempo, com base em informação difundida, pelo que endendi fazer mais uma reflexão para se questionar por que é que não se apostou em medidas preventivas?
Recordo-me que para a última grande praga do pinheiro bravo, até se definiram cordões sanitários e controlo da proveniência da madeira circulante. Alguém enriquecerá com a castanha e os castanheiros, doentes ou sãos, mas não estará na linha da frente o castanhicultor.
Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net
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