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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A vespa das galhas do castanheiro

A vespa das galhas do castanheiro está a entrar no souto da serra da Padrela e Carrazedo Montenegro, Trás-os-Montes. Embora os Serviços Regionais de Agricultura Entre Douro e Minho tenham detectado pela primeira vez esta praga do castanheiro na região do Minho, esta já tinha sido referenciada em Trás-os-Montes há uns três anos a trás, como referiremos em livro a publicar.

O que aconteceu, alguns doutos de gabinete, como se compadres fossem de certos viveiristas e o que importava era vender pés novos de castanheiro sem saber bem a sua proveniência e o seu estado sanitário. Um dos maiores castanhicultores do Nordeste Alentejano, dizia-me agastado por se julgar ludibriado: «dizem que são resistentes e morrem c’mós outros».

Há duas colheitas a trás o preço da castanha disparou e, em vez de se referir que a subida exagerada do preço do quilo da castanha se devia à falta dela, em Itália e França devido à praga da Vespa das Galhas do Castanheiro, incentivava-se o cultivo dos pés exógenos enxertados com castanha estrangeira de inferior qualidade.

Fui defendendo que se deviam cultivar as nossas variedades mais comercializadas, como a grande «Judia», em Trás-os-Montes; a grande e reboluda «Martaínha» na Beira alta e Centro; a média «Longal» por todo o país da castanha (a nossa melhor castanha em conservação, descasque e sabor); e a pequena «Côta» em Terras de Aguiar (a mais doce e que mais rende nos magustos).

Quando soube que a praga da «Vespa das Galhas do Castanheiro» (Dryocosmus kuriphilus yasumatsu) já se fazia sentir na Catalunha achei que seria ano a trás, ano à frente, e algum camião de viveirista a traria à boleia. E, afinal, já tinha chegado. O que me surpreende em mais esta tragédia sanitária castanhícola foi haver gente que se arroga de grande saber, não querer saber para retardar a entrada da doença. Diz o povo que «vale mais prevenir que remediar» ou importará mais vender pés e mais pés que quem fica com eles, sãos ou doentes, que se avenha.

Para além de alguma literatura explicativa oportuna sobre como reconhecer a doença e comunicá-la às autoridades será o primeiro passo. Mas, curioso, até esta literatura poder ser rentável a quem a produz e a divulga e os problemas maiores ficarão para os esquecidos «homens da terra». Este tema já aqui foi tratado e alertado por mim há algum tempo, com base em informação difundida, pelo que endendi fazer mais uma reflexão para se questionar por que é que não se apostou em medidas preventivas?

Recordo-me que para a última grande praga do pinheiro bravo, até se definiram cordões sanitários e controlo da proveniência da madeira circulante. Alguém enriquecerá com a castanha e os castanheiros, doentes ou sãos, mas não estará na linha da frente o castanhicultor.

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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