Diz a tradição que este castelo [situado no concelho de Bragança] fora mansão de um régulo mouro, a quem as povoações pagavam de tributo certo número de donzelas; e aponta-se, em confirmação, para o lameiro da vela acesa, que fica perto, ao lado, porque foi nele que uma serva colocou, altas horas da noute, uma vela acesa, sinal da traição para com seu amo e de aviso, para avançar, aos inimigos que queriam dar morte, como deram, ao exactor de tão negro tributo. (...) Notável é que, para perpetuar o facto, não se haja erguido sobre essas ruínas uma capela ou ermida dedicada à Virgem, por intervenção da qual os guerreiros ressuscitavam para continuarem a luta em defesa da virgindade ofendida.
Versão B:
Dois quilómetros a noroeste de Rebordãos [concelho de Bragança], caminhando para o santuário da Senhora da Serra, sito no cume da Serra da Nogueira, distante quilómetro e meio, fica o local chamado Castelo de Rebordãos, constituído por enormes fragueiros, apenas acessível pela nascente sul. Apresentando os outros dois lados uma rampa a pique de mais de quatrocentos metros. (...)
Vivia neste castelo um potentado mouro, a quem as povoações limítrofes pagavam o tributo de certo número de donzelas para o seu harém; mas uma delas, certa noite, quando ele dormia, deu sinal, segundo combinara, colocando uma vela acesa no prado, ainda hoje, por isso, chamado da Vela Acesa, e o régulo foi atacado, morto, o castelo destruído e as donzelas libertas.
Versão C (O rei mouro e a pipa dos pregos):
Num morro próximo de Rebordãos, concelho de Bragança, há um castro arruinado conhecido como o “castelo dos mouros”, onde, há muitos e muitos anos, viveu um rei mouro que subjugava pela força toda a população das redondezas. Quanto às moças, antes de serem possuídas por qualquer homem, eram obrigadas a frequentar o seu harém e satisfazer os seus prazeres.
Jorge Dias acrescenta ao texto a indicação de que “a história devia ter continuação, mas [os informantes, não indicados] não sabiam mais”.
Um dia, uma jovem cristã, irmã do famoso Conde de Ariães, tendo-se recusado a seguir este destino, foi raptada pelo rei mouro e levada para o castelo. Aí, o tirano tentou fazê-la ceder aos seus desejos, e, como ela continuasse a recusá-lo, o rei mandou buscar uma pipa e cravejou-a de pregos de fora para dentro, a fim de meter a moça lá dentro e pô-la a rolar pela encosta do morro abaixo.
O Conde de Ariães, ao saber do rapto, conseguiu chegar ao alto do morro, no momento em que o rei se preparava para lançar a pipa no despenhadeiro. Travou uma luta com o tirano, venceu-o, e, por castigo, meteu-o a ele dentro da pipa, mandando-a pela encosta abaixo. E assim o povo se libertou, de vez, do jugo dos mouros.
Versão D (O Prado da Vela Acesa)
Perto da aldeia de Rebordãos, no concelho de Bragança, existia um castelo onde vivia um rei mouro muito poderoso, que obrigava as povoações vizinhas a pagarem, como tributo, um certo número de donzelas para o seu harém.
Uma das donzelas, que era muito corajosa, não aceitou ser sujeita a tal infâmia, e combinou um estratagema com o povo para matarem o rei mouro. Assim, pela calada da noite, enquanto ele dormia, a donzela saiu do castelo e foi acender uma vela no lugar que tinham combinado, que era um lameiro próximo. E ao sinal da vela acesa, o povo armado deslocou-se ao castelo a fim de matar o rei.
Depois de morto o rei, o castelo foi destruído e as donzelas foram libertadas. E o lugar onde foi colocada a vela ainda hoje é designado como o "Prado da Vela Acesa", havendo quem o conheça também como o "Lameiro da Talvela".
Fonte – versão A : LOPO, Albino Pereira – "O castelo de Rebodãos", in O Arqueólogo Português, vol. 3, n.ºs 5 e 6, Lisboa, 1897, pp. 116-117. Fonte – versão B: ALVES, Francisco M. – Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Porto, vol. x, 1934, pp. 8-9. Fonte – versão C: Inf.: Virgílio do Vale, 59 anos; rec.: Vila Boa, Vinhais, em 2000. Fonte – versão D: Inf.: Maria José Santos Salgueiro, 35 anos; rec.: Bragança, 2000.
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