A fotografia de Sebastião Salgado abre a nova temporada do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais de Bragança, com a exposição "Terra" sobre a vida dos trabalhadores rurais do interior do Brasil, informou hoje a instituição.
A partir de sábado será possível apreciar em Bragança o trabalho documental, realizado entre 1980 e 1996, sobre a condição de vida de milhares de brasileiros com o sonho de cultivar um pedaço de terra, como descreve o comissário da exposição e diretor do Centro de Arte Contemporânea, Jorge da Costa.
Considerado por muitos o melhor fotógrafo documental da atualidade, Sebastião Salgado, nascido em Minas Gerais, no Brasil, "acompanhou de perto e ao longo de 16 anos a luta destes trabalhadores, determinado a testemunhar e a denunciar através da sua obra a pobreza e a injustiça que recai sobre cinco milhões de famílias de rurais sem terra".
"Cultivar um pedaço de terra seu é o sonho destes trabalhadores e das suas famílias que vivem à própria sorte, em acampamentos à beira das estradas, em lugares onde não só falta tudo, como estão ainda sujeitos à violência das milícias e de outras forças de repressão organizadas pelos latifundiários que temem a ocupação das suas propriedades", resumiu o comissário.
Como habitualmente em cada temporada, este equipamento cultural inaugura também, em simultâneo, uma nova exposição da madrinha, a pintora transmontana Graça Morais, desta feita com o tema "Ao Encontro de Sophia".
Os trabalhos resultam dos encontros entre a pintura de Graça Morais e a escrita da poetiza Sophia de Mello Breyner Andresen, em 1990 e 2003.
Jorge da Costa comissaria também esta exposição em que o mito de Orpheu e Eurydice assinala o primeiro encontro entre as duas.
"Sobre esta trágica história de amor, Graça Morais realiza, em 1990, uma série de pinturas a sépia sobre partituras musicais, que dariam origem a um livro com poemas de Sophia", segundo Jorge da Costa.
O encontro entre a pintora e a poetiza repete-se em 2003, quando Sophia de Mello Breyner convida Graça Morais a ilustrar o conto "O Anjo de Timor", "uma série particularmente figurativa, realizada em pequenos desenhos a aguarela e sépia sobre papel, conferindo aos trabalhos um intenso colorido".
Visitado por jovens, estudantes, portugueses e espanhóis, o centro projetado pelo arquiteto Souto Moura mostra permanentemente a obra de Graça Morais e, em sete anos, já proporcionou a Bragança também exposições de outros nomes artistas consagrados nacionais e internacionais.
Agência Lusa
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