O poço sem fundo
Diz o povo que os mouros para se esconderem dos cristãos, resolveram construir no lugar do Naso, concelho de Miranda do Douro, um poço sem fundo. E quando este já ia muito fundo, ouviram uma voz que disse assim:
– Ó Maria, traz cá as peneiras!
Conta a lenda que os mouros, ao ouvirem tal, ficaram aterrorizados, pois pensaram que tinham chegado ao outro mundo. E por isso fugiram. Mas antes puseram uma cancela a meio do poço para as almas não passarem. Há quem diga que a cancela ainda lá está.
Fonte: Inf.: Orquídea da Conceição Cubeiro Xavier, 40 anos; rec.: Miranda do Douro, 1999.
A Fonte do Pingo
No termo de Sendim, concelho de Miranda do Douro, existe junto ao rio Douro uma fonte no buraco de uma fraga. E como está sempre a pingar, o povo chama-lhe a "Fonte do Pingo".
Conta-se que um pastor dormia à noite perto dessa fonte, num buraco doutra fraga que lá havia. E que um dia de manhã, quando ia com o gado a pastar, ouviu uma linda voz de menina que vinha da fonte. Aproximou-se para ver quem era, mas não viu ninguém. Olhou então para a água e viu lá no fundo um cordão de ouro. Começou a puxá-lo e foi-o enrolando no braço. E quanto mais puxava e enrolava, mais o cordão vinha atrás. Nunca mais acabava.
Ora, a dada altura, já lhe doía o braço com tanto peso. E como não conseguia enrolar mais, disse:
– Arre, que pesado!
Tal coisa não tivesse ele dito. Ouviu então a mesma voz, agora chorosa, que lhe disse:
– Ah, maldito, que me dobraste o encanto!
Então o cordão desapareceu. O pastor ficou cheio de medo e fugiu com as ovelhas. Dizem que nunca mais voltou para aqueles lados.
Fonte: Inf.: Orquídea da Conceição Cubeiro Xavier, 40 anos; rec.: Miranda do Douro, 1999.
O cabreiro e a moura
Entre as povoações de Freixiosa e Vila Chã, no concelho de Miranda do Douro, passa uma ribeira onde há um poço conhecido como "Poço da Moura". Dizem que num dia de inverno passou junto daquele poço um cabreiro chamado António, e ouviu uma voz a dizer-lhe:
– António, toma uma rosa.
O cabreiro ficou cheio de medo, mas conseguiu responder, dizendo:
– Rosas em Janeiro?!
E para espanto maior, em resposta caiu na sua frente uma rosa vinda do poço.
Foi uma moura que lha mandou. E a seguir disse-lhe:
– Leva-a contigo e nunca a mostres a ninguém, se quiseres que a tua vida mude para melhor.
António, ao chegar a casa, guardou a rosa no fundo da arca de roupa do seu quarto. Passados alguns dias, a sua mãe foi lá remexer e encontrou-a. E muito admirada foi contar às vizinhas. Nenhuma acreditou. Tiveram de ir lá ver com os próprios olhos. Só que ao abrirem de novo a arca o que encontraram foi um enorme carvão. A mãe passou assim por mentirosa. E António quando soube ficou muito triste.
Voltou depois ao poço da Moura mas nunca mais teve sinal dela.
Fonte: Inf.: Orquídea da Conceição Cubeiro Xavier, 40 anos; rec.: Miranda do Douro, 1999.
Número total de visualizações do Blogue
Pesquisar neste blogue
Aderir a este Blogue
Sobre o Blogue
SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário